Após testes de combinações que estimulam o cérebro com treinamento cognitivo, cientistas descobrem tratamento com grande potencial. Essa abordagem busca uma forma de intervir nos efeitos do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Pesquisadores da Universidade de Surrey, na Inglaterra, e da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, estão explorando uma nova abordagem para um possível tratamento para crianças com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), realizando uma série de experimentos com combinações para obter resultados melhores.
Uma avaliação publicada na revista científica "Translational Psychiatry" mostra que a utilização da combinação de estimulação cerebral com treinamento cognitivo leva a uma significativa melhora nos sintomas causados pelo TDAH. Este método busca ser uma alternativa às terapias farmacológicas atuais, que podem resultar em efeitos colaterais como distúrbios do sono e falta de apetite. O professor neurocientista da Universidade de Surrey, Roi Cohen Kadosh, um dos líderes do experimento, afirma: "Acredito que a comunidade científica tem a responsabilidade de investigar e desenvolver métodos cada vez mais eficazes e duradouros para o TDAH. No futuro, isso poderá fornecer uma alternativa à medicação como forma de tratamento".
TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é um distúrbio neurobiológico de origem genética que surge na infância e persiste durante toda a vida. Caracteriza-se por sintomas como falta de foco, inquietude e impulsividade. Estudos realizados em todo o mundo, inclusive no Brasil, demonstram que a prevalência do TDAH é semelhante em diversas regiões, indicando que o transtorno não está ligado a fatores específicos, como a forma como os pais educam seus filhos ou conflitos psicológicos.
As causas do TDAH são variadas e incluem:
- Hereditariedade
- Exposição a substâncias durante a gravidez
- Problemas Familiares
Cerebro com TDAH e cerebro sem TDAH. (Foto: reprodução/Penha Peterli)
Estudos
Estudos científicos mostram que pessoas com TDAH têm alterações na região frontal do cérebro e em suas conexões com outras partes do cérebro. A região frontal orbital é altamente desenvolvida em seres humanos e é responsável pelo controle do comportamento, atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. Nessa região, ocorre uma alteração no funcionamento de neurotransmissores, como a dopamina e noradrenalina, que transmitem informações entre as células nervosas.
Com a nova pesquisa, a combinação de estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), com efeitos colaterais reduzidos, revela um potencial promissor para um possível novo tratamento, podendo impactar positivamente a vida de milhares de famílias.
Foto destaque: crianças na escola. Reprodução/Drauziu/UOL