Em uma pesquisa realizada na Universidade de Amsterdã, na Holanda, uma equipe de cientistas conseguiu, por meio de um método conhecido como "técnica CRISPR de edição genética", eliminar o vírus HIV de células infectadas, o que pode representar enfim, no futuro, a cura de uma das doenças mais letais do século passado e ainda cheia de estigmas, a AIDS.
Rumo à cura
“Esses achados representam um avanço fundamental no desenvolvimento de uma estratégia de cura“, afirmam os cientistas responsáveis pela descoberta em artigo publicado para o Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas.
Usando a técnica CRISPR de edição genética em laboratório, os pesquisadores eliminaram o vírus HIV nas células infectadas. O HIV usa as unidades de defesa para se multiplicar e, por isso, a ideia é eliminá-lo completamente do organismo — assim, os remédios não precisariam ser administrados pelo resto da vida do paciente.
Pesquisa pode significar um passo mais próximo da cura da doença (Foto: Reprodução/@kjpartender/freepik)
A pesquisa sobre uma possível cura do HIV será apresentada durante o 34º Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (Eccmid 2024), na Espanha. De forma preliminar, os autores do estudo publicaram um preprint — artigo científico sem revisão feita por pares — na plataforma Research Square.
Resultados ainda prematuros
Proveniente da relação sexual sem preservativo e da infecção por meio do compartilhamento de materiais não reutilizáveis como agulhas e seringas, com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV, a AIDS permanece como uma doença sem cura, mesmo que seja possível, tanto para o paciente portador do vírus HIV, mas sem a manifestação da AIDS quanto para o paciente com a doença em seu sistema imunológico, se ter uma vida quase normal, se feito o tratamento de maneira correta.
No entanto, embora com resultados otimistas, ainda não se pode afirmar que a descoberta representará uma cura efetiva para a doença, visto que os estudos da pesquisa são considerados extremamente prematuros. Além disso, a edição genética em grande quantidade - procedimento utilizado para o estudo - consiste em um processo muito complicado, cujos médicos e estudiosos ainda não mensuraram os efeitos colaterais da técnica e, portanto, imprevisível.
Portadores do vírus e da doença ainda sofrem preconceito na sociedade (Foto: reprodução/@diana.grytsku/freepik)
Em estatísticas publicadas no site UNAIDS em 2022, existem aproximadamente 39 milhões de pessoas no mundo vivendo com o HIV em 2022. Até o momento, seis pacientes foram considerados “curados” da AIDS ao realizarem transplante de medula óssea, método ainda não confirmado de cura pelos cientistas;
É importante ressaltar ainda que a AIDS não tem uma cura comprovada até o momento, mas possui tratamento, disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O paciente infectado, se seguir o tratamento - normalmente baseado no uso de antivirais específicos para a doença - da forma correta, pode ter uma vida praticamente normal.
Foto Destaque: Embora sem cura, a AIDS possui tratamento que possibilita uma vida quase normal ao paciente (Reprodução/Science Photo Library - SCIEPRO via Getty Images embed)