Comparado aos outros tipos de câncer, o de pâncreas está entre um dos mais raros, com isso se torna um dos mais temidos devido a baixa taxa de sobrevivência. Na maioria dos casos, quando a doença é diagnosticada, ela já se encontra em estágio avançado.
Essa enfermidade é responsável por 4% do total de óbitos causadas pelo câncer no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres, mas é ligeiramente mais frequente no grupo masculino. Os riscos de ter esse tumor aumentam com o avanço da idade, em 90% de todos os casos ele se manifesta entre pessoas com idade superior a 55-60 anos.
O câncer no pâncreas é considerado uma doença desafiadora, por ser um órgão cercado de outros órgãos importantes, podendo se espalhar facilmente e também ser assintomática, até então não existem exames de rastreamento. Apesar disso, é considerado curável mediante diagnóstico precoce.
De forma geral, o câncer é um conjunto de mais de 200 tipos de doenças que têm como característica a proliferação desordenada de células que podem migrar, invadir e se espalhar pelo organismo, causando metástase. Quando esse crescimento se concentra no pâncreas (localizado na parte posterior do abdome), região chamada pelos médicos de retroperitônio, ele é definido como câncer de pâncreas.
Dentre os vários tipos de câncer, entre os mais frequentes são:
Neuroendócrino: É considerado menos agressivo e se desenvolve a partir de células endócrinas;
Adenocarcinoma: Representa cerca de 90% dos casos e aparece no tecido glandular.
É comum que em 2/3 dos casos, o tumor apareça na cabeça do órgão (lado direito do órgão) e em 1/3 a parte do órgão é afetada é o corpo (centro) ou a sua cauda (lado esquerdo).
Causas do câncer de pâncreas:
Idade de 55-60 anos
Obesidade associada à ausência de atividade física
Consumo exagerado de bebidas alcoólicas
Tabagismo
Pancreatite (inflamação crônica adquirida ou hereditária)
Diabetes tipo 2
Histórico familiar
Exposição a substâncias químicas
Hereditariedade (mutações genéticas que passam de geração a geração)
Cirrose
Infecção por Helicobacter Pylori
Por ser assintomático esse tipo de tumor pode ser silencioso, mas conforme seu desenvolvimento podem ser observadas algumas manifestações como a diabetes, falta de apetite, dor abdominal, dor na região lombar, icterícia, fezes claras, urinas mais escuras, coceira na pele (decorrente dos sais biliares) e trombose venal profunda.
(Foto: Reprodução/ICTQ)
A classificação do tumor é feita na seguinte forma:
Estágio I: tumor localizado;
Estágio II: há infiltração no duto biliar e outras estruturas próximas, mas sem comprometimento dos gânglios linfáticos;
Estágio III: comprometimento linfático parcial;
Estágio IV: presença de metástase em órgãos vizinhos como estômago, fígado, diafragma e glândulas adrenais;
Estágio IVB: infiltração do tumor em órgãos distantes
O tratamento vai depender do estágio da doença e das condições da saúde do paciente. Na maioria das vezes é feita por uma equipe multidisciplinar (oncologia, cirurgião, patologista, radiologista, especialista em dor e etc.)
Normalmente os médicos optam pela cirurgia, radioterapia, quimioterapia e medicamentos nas seguintes condições:
Tumores pequenos e iniciais - a cirurgia é tratamento local para retirada do tumor e é a única opção que oferece chance de cura;
Tumor maior, com maior risco de células circulantes - começa com quimioterapia, em algumas vezes inclui radioterapia e, depois, cirurgia;
Presença de metástase - nesse caso, a prioridade não é mais a cirurgia, mas um tratamento que alcance todos os pontos da doença em outros órgãos, o que se faz por meio da quimioterapia paliativa.
Quando possível, a cirurgia é a chave para o tratamento curativo e a sobrevida é de 20% a 30% em 5 anos, em média. Quando a quimioterapia é a única opção, a sobrevida cai para 12 meses.
A oncologista clínica Inacelli Caires, chefe do Serviço de Unidade de Hemoterapia, Hematologia e Oncolologia do HC-UFPE, ressalta que nenhum sintoma que aparece de repente e não passa deve ser desprezado, especialmente uma perda de peso repentina. Até o diabetes pode ser um sinal de alerta para esse tipo de tumor. Já existem evidências de que um diabetes de diagnóstico recente que apresenta uma piora repentina, ou mesmo um quadro de descompensação podem se relacionar à doença. "Tenha em mente que 80% dos pacientes com tumor de pâncreas já chegam ao médico com uma doença metastática ou sem condições para uma cirurgia", observa Caires
O ideal é buscar ajuda com um clínico geral e o gastro, que são treinados para investigar as queixas e sintomas e diante delas, verificar o funcionamento do pâncreas.
Foto Destaque: Reprodução/Uol