Números divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que os casos de contaminação de COVID-19 voltaram a crescer entre abril e maio. Dados são divulgados dias após o fim do estado de emergência em saúde pública assinado pelo Ministério da Saúde e anunciado pelo Governo Federal, exatamente quando a população está flexibilizando os cuidados com as diretrizes e medidas de proteção.
Marcelo Gomes, pesquisador da Fiocruz, se mostrou preocupado com esse status. “Infelizmente os nossos dados revelam que a pandemia está voltando a crescer. Durante o mês de abril e o comecinho de maio, o número de novos casos semanais e justamente as internações voltaram a aumentar. Os adultos são os maiores infectados”, declarou o pesquisador, em entrevista para o Brasil de Fato.
De acordo com a análise, 18 das 27 Unidades Federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): AC, AL, AM, AP, BA, DF, GO, MG, MT, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SP, SE e TO. Em relação às macrorregiões, 23 delas se encontram em nível pré-epidêmico; 16 em nível epidêmico; 68 em nível alto; e 11 em nível muito alto. Nenhuma macrorregião de saúde está em nível extremamente alto, segundo a divulgação.
Diagnóstico laboratorial de casos suspeitos de COVID-19. (Foto/Reprodução/IOC/Fiocruz)
Em termos de vacinação, em números atualizados até a última quarta-feira (25), 178.272.688 pessoas tomaram a 1ª dose, o que representa 82,98% da população total, enquanto 165.639.167 pessoas estão vacinadas com a 2ª dose ou dose única (77,1% da população total). No entanto, o baixo número de pessoas vacinadas com a dose de reforço acende o alerta para a tendência de crescimento de casos: 91.218.006 de doses de reforços foram aplicadas, o que representa apenas 42,46% da população total.
Marcelo Gomes, quando perguntado a respeito dos motivos da desaceleração da aplicação das doses, comentou: “Provavelmente é uma soma de vários fatores. Por um lado, devemos esse aumento por baixar a guarda no geral em relação aos cuidados associados a transmissão de doenças respiratórias. No mês de Janeiro, nós começamos a relaxar porque de fato a COVID estava diminuindo. Estamos vivendo num momento mais tranquilo, mas não podemos ter a falsa sensação de que a doença acabou”, disse.
Além disso, o pesquisador declarou que a comunicação precisa ser muito bem trabalhada, pois o problema infelizmente não acabou e os números tanto de casos registrados quanto os de internações nas últimas semanas podem piorar caso os cuidados não sejam tomados.
Foto destaque: Laboratório da Fiocruz em área de análise (Reprodução/Peter Ilicciev/Agência Senado).