Trump recorre à Suprema Corte e tenta reverter condenação por abuso

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com um recurso na Suprema Corte nesta segunda-feira (10) para contestar a decisão que o condenou a pagar US$ 5 milhões à escritora E. Jean Carroll por abuso sexual e difamação. O caso, que se arrasta há anos, teve origem em uma acusação de Carroll sobre um episódio ocorrido nos anos 1990, em uma loja de departamentos de Nova York.

O tribunal federal de apelações havia mantido o veredito do júri, entendendo que o julgamento foi conduzido corretamente e que não havia fundamentos para um novo processo. Apesar disso, Trump insiste que o juiz Lewis Kaplan, responsável pelo caso, cometeu erros graves que influenciaram a decisão final.

Segundo seus advogados, o magistrado permitiu a inclusão de depoimentos de duas mulheres que também acusaram Trump de agressão sexual, o que teria prejudicado a imparcialidade do júri. Além disso, o ex-presidente alega que o vídeo do programa Access Hollywood, exibido durante o julgamento, foi usado de maneira indevida para reforçar uma imagem negativa dele perante os jurados.

Carroll mantém acusações e reforça credibilidade

E. Jean Carroll, colunista e autora, processou Trump em 2019 após ele negar publicamente a agressão, dizer que ela “não era seu tipo” e acusá-la de inventar a história para promover um livro. O júri considerou que as provas apresentadas, mesmo sem registros policiais ou testemunhas diretas, foram suficientes para concluir que houve abuso e difamação.

Carroll afirmou ter esperado mais de duas décadas para denunciar o caso por medo de represálias e descrença na justiça. Quando decidiu tornar o episódio público, Trump já ocupava a presidência, o que, segundo ela, aumentou os riscos, mas também a necessidade de responsabilização.



Para a defesa da escritora, os argumentos de Trump refletem uma tentativa de protelar o processo e enfraquecer decisões judiciais legítimas. Seus advogados destacaram que o recurso à Suprema Corte é parte de uma estratégia mais ampla do ex-presidente para evitar o pagamento das indenizações e questionar a credibilidade do sistema judiciário americano.

Novo embate jurídico e impacto político

Ainda não há garantia de que a Suprema Corte aceitará analisar o recurso. Caso o tribunal opte por revisar o caso, a decisão poderá ter implicações significativas sobre o alcance da imunidade presidencial e a responsabilidade civil de líderes políticos por atos cometidos fora de suas funções oficiais.

Além da indenização de US$ 5 milhões, Trump foi condenado em outro julgamento, em 2022, a pagar mais US$ 83 milhões por difamar novamente Carroll ao reiterar que ela mentia. O tribunal de apelações manteve essa decisão, considerando o valor “proporcional à gravidade dos danos morais e reputacionais causados”.

Enquanto tenta retomar a Casa Branca em meio a múltiplos processos judiciais, Trump busca transformar cada batalha legal em discurso político, alegando ser vítima de perseguição. Analistas apontam que o desfecho desse recurso pode influenciar não apenas seu futuro jurídico, mas também sua imagem perante o eleitorado americano às vésperas das eleições de 2026.

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