STF julga Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe com base em gravações e mensagens

PGR reúne provas e documentos que podem levar Jair Bolsonaro à prisão por organização criminosa e golpe de Estado. Prisão domiciliar foi intensificada

31 ago, 2025
Jair Bolsonaro após depoimento na PF | Reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed
Jair Bolsonaro após depoimento na PF | Reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (2) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus, todos acusados de envolvimento em crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu gravações, mensagens e documentos que, segundo o procurador-geral Paulo Gonet, revelam de forma quase completa como o grupo teria atuado para fragilizar o Estado Democrático de Direito.

Acusações e réus

Bolsonaro e seus aliados respondem por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Entre os acusados estão figuras de destaque do governo anterior, como Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos negam participação em planos golpistas e alegam que não houve qualquer ação efetiva para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Provas apresentadas pela PGR

As evidências reunidas incluem transmissões ao vivo com ataques sem fundamento ao sistema eleitoral, documentos internos e registros de reuniões voltadas ao uso irregular das forças de segurança. Mensagens analisadas também indicam tentativas de manipular o relatório militar sobre a votação eletrônica.

Depoimentos e registros obtidos pela investigação apontam ainda para a convocação do Alto Comando do Exército em discussões sobre medidas contra a posse de Lula. Entre os materiais apreendidos estão minutas de decretos, mensagens estratégicas e até planos militares, como a chamada operação “Punhal Verde Amarelo”.

As imagens da invasão e destruição das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, também foram incluídas no processo como prova de deterioração do patrimônio público. Câmara, Senado e STF enviaram relatórios detalhando os prejuízos.


Polícia Federal tem supervisionado Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/@UOL)

Estrutura criminosa e riscos atuais

De acordo com a PGR, a atuação ocorreu de forma estruturada, com hierarquia e divisão de tarefas, configurando uma organização criminosa instalada dentro do próprio Estado e com respaldo de setores militares.

Com a proximidade do julgamento, a Polícia Federal reforçou a segurança na residência de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar. O ex-presidente utiliza tornozeleira eletrônica e é monitorado em tempo real.

Matéria por Igor Boigues (In Magazine)

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