Lula convoca segunda reunião ministerial de 2025 e critica tarifaço dos EUA: “Somos um país soberano”
Ministros discutem “tarifaço” dos EUA, críticas à família Bolsonaro, soberania nacional para negociações comerciais internacionais e situação do genocídio em Gaza

Na manhã desta terça-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou no Palácio do Planalto a segunda reunião ministerial de 2025. O encontro teve como objetivo avaliar as ações do governo e alinhar pautas estratégicas, especialmente diante do cenário internacional marcado pelo anúncio do chamado “tarifaço” pelos Estados Unidos, que prevê sobretaxas de até 50% sobre exportações brasileiras.
O presidente também fez críticas diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao deputado Eduardo Bolsonaro, a quem acusou de atuar contra os interesses do país no exterior. Durante a abertura, Lula destacou que ministros como Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira estão “24 horas por dia à disposição” para negociações, mas ressaltou que o Brasil não aceitará ser tratado como subordinado em acordos comerciais.
“Somos um país soberano, temos uma Constituição, temos uma legislação, quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados, no nosso espaço aéreo, no nosso espaço marítimo, nas nossas florestas, têm que prestar contas à nossa Constituição e à nossa legislação“, disse o presidente.
Lula reforçou que o governo está aberto ao diálogo, desde que em condições de igualdade, e citou o impacto econômico que as medidas tarifárias americanas podem trazer ao Brasil.
Ministro Fernando Haddad com o boné "O Brasil é dos brasileiros" (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Pautas prioritárias
A discussão sobre comércio exterior dominou a reunião, com foco nas sobretaxas impostas pelos Estados Unidos e na resposta do governo brasileiro. Lula reiterou que sua equipe econômica e diplomática está pronta para defender os interesses nacionais em negociações. A orientação dada aos ministros foi de manter firmeza nas tratativas e garantir que o país seja respeitado em qualquer mesa de negociação.
O presidente ainda mencionou conflitos internacionais, como a guerra na Ucrânia e a situação em Gaza, e defendeu que o Brasil mantenha posição clara de defesa da paz e da dignidade humana, afirmando que o conflito na Faixa de Gaza segue resultando em mortes diárias e acusou as forças israelenses de tratarem crianças famintas como se fossem integrantes do Hamas, caracterizando a situação como um genocídio em curso.
Discurso político
O evento também teve forte caráter político. Lula criticou Eduardo Bolsonaro, acusando o deputado de trabalhar contra o Brasil nos Estados Unidos, o que classificou como “uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus”.
Além do discurso, símbolos foram utilizados para reforçar a mensagem de soberania: ministros compareceram usando bonés azuis com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. No mesmo contexto, Lula direcionou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e relacionou sua postura à tentativa de enfraquecer a imagem do país.