Israel e Hamas anunciam acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA

Israel e Hamas assinam acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA, com libertação de reféns e início de trégua em Gaza, abrindo caminho para ajuda humanitária

09 out, 2025
Palestinos em meio aos escombros após ataques de Israel | Reprodução/Instagram/@ethanlevinsz
Palestinos em meio aos escombros após ataques de Israel | Reprodução/Instagram/@ethanlevinsz

Israel e o grupo Hamas formalizaram na última quarta-feira (8) um acordo de trégua intermediado pelos Estados Unidos, segundo informações divulgadas pelo presidente Donald Trump em suas redes sociais e confirmadas por mediadores envolvidos nas negociações. O presidente norte-americano declarou que a primeira etapa do plano de paz foi aceita por ambas as partes e que todos os reféns detidos pelo Hamas desde 7 de outubro de 2023 em Gaza serão libertos.

De acordo com autoridades israelenses, ainda permanecem 48 reféns sob custódia do Hamas, sendo 20 deles vivos. A proposta da Casa Branca, apresentada em setembro, estipulava um prazo de 72 horas para a liberação completa das vítimas. Um porta-voz do governo de Israel afirmou que espera iniciar a libertação dos reféns a partir de sábado (11). Em contrapartida, o Hamas solicitou mais tempo para a devolução dos corpos daqueles que faleceram durante o conflito. Israel, por sua vez, deve soltar prisioneiros palestinos e reduzir gradualmente suas tropas na Faixa de Gaza, embora a posição exata das forças militares ainda não tenha sido definida. Segundo Trump, a assinatura do tratado representa o primeiro passo em direção a uma paz duradoura.

Este é um dia histórico para o mundo árabe, muçulmano, Israel, países vizinhos e para os Estados Unidos da América“, escreveu o presidente americano em suas redes sociais, destacando a justiça como princípio do acordo.

Majed Al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, afirmou que o acordo contempla todos os mecanismos necessários para implementar a primeira fase do cessar-fogo, permitindo o fim imediato das hostilidades e a chegada de ajuda humanitária a Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, celebrou a assinatura do tratado, ressaltando a importância da libertação dos reféns e anunciando reunião com sua equipe de governo na quinta-feira (9) para validação interna do acordo.

Um dia significativo para Israel, um triunfo diplomático e moral“, declarou Netanyahu. “Agradeço aos corajosos soldados das Forças de Defesa de Israel e a todas as equipes de segurança. Graças à dedicação e ao sacrifício deles, conseguimos alcançar este momento. Com a ajuda de Deus, seguiremos avançando em direção à paz e ao cumprimento de nossos objetivos.”

O Hamas, em nota oficial, elogiou o papel de Catar, Egito e Turquia na mediação do cessar-fogo e agradeceu os esforços de Trump para encerrar o conflito. O grupo reforçou a exigência de que os países garantidores assegurem o cumprimento integral do tratado por Israel, sem atrasos na implementação dos acordos.

As concessões e sacrifícios do nosso povo não serão desperdiçados. Permaneceremos firmes em nossas promessas, defendendo os direitos nacionais até conquistar liberdade, independência e autodeterminação“, afirmou o grupo.

O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando ataques do Hamas resultaram na morte de mais de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns. Desde então, mais de 60 mil palestinos morreram em Gaza, segundo dados divulgados por autoridades ligadas ao Hamas. Ao longo do embate, dois acordos de trégua anteriores foram firmados, um no final de 2023 e outro no início deste ano, ambos de curta duração, sem encerrar efetivamente os combates.

Estrutura e detalhes do plano de paz

O plano de 20 pontos divulgados pela Casa Branca em setembro prevê a Faixa de Gaza como área livre de milícias e grupos armados. A primeira fase do acordo ainda carece de detalhes oficiais, incluindo se todos os itens da proposta foram aceitos. Segundo o documento, membros do Hamas poderiam receber anistia desde que entregassem armas e se comprometessem com a convivência pacífica, sem participar do governo local.

Gaza seria administrada temporariamente por um comitê palestino técnico e neutro, supervisionado pelo “Conselho da Paz”, liderado por Trump, responsável pela gestão dos serviços públicos e pela reconstrução da região. O Hamas e demais facções ficariam impedidos de ocupar cargos no governo, direta ou indiretamente, e a administração futura seria transferida para a Autoridade Palestina, condicionada a reformas internas.


Palestinos celebram anúncio do cessar-fogo entre Israel e Hamas, marcando o início de uma trégua mediada pelos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Moiz Salhi/Anadolu/Getty Images Embed)

O plano ainda inclui pacotes econômicos e de desenvolvimento, supervisionados por especialistas internacionais que já trabalharam na construção de cidades no Oriente Médio. Em relação à segurança, Gaza passaria por desmilitarização completa, com destruição de toda infraestrutura bélica, criação de perímetro de segurança e supervisão de monitores independentes. A Força Internacional de Estabilização (ISF) seria responsável por treinar a nova polícia Palestina, enquanto as Forças de Defesa de Israel se retirariam gradualmente.

Possibilidade de Estado palestino

Embora o tratado seja vago quanto à criação imediata de um Estado palestino, a proposta norte-americana indica que isso poderia ocorrer futuramente, dependendo da reconstrução de Gaza e de reformas na Autoridade Palestina. Reconhecimentos recentes do Estado palestino por aliados dos EUA foram criticados por Trump e pelo governo israelense, que os consideram uma recompensa ao terrorismo.

A solução de dois Estados, com Israel e Palestina coexistindo pacificamente, é considerada pela comunidade internacional como a única alternativa para uma paz duradoura, embora setores do governo de Netanyahu ainda rejeitem a proposta.

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