Atividades do governo dos EUA podem paralisar devido a ‘Shutdown’

Congresso dos EUA falha em acordo orçamentário trazendo alto risco de ‘Shutdown’; ato pode paralisar os serviços federais e impactar a economia

29 set, 2025
Donald Trump | Reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed
Donald Trump | Reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed

O governo federal dos Estados Unidos está à beira de uma paralisação parcial (shutdown) por falta de financiamento, com risco de começar já na quarta-feira, 1º de outubro. O impasse ocorre porque o Congresso não conseguiu aprovar o financiamento necessário antes do fim do ano fiscal, que se encerra à meia-noite desta terça-feira (30).

Com o prazo esgotando, a probabilidade de um shutdown parcial é considerada alta, chegando a 79% no mercado de apostas Polymarket. Reuniões de emergência na Casa Branca nesta segunda-feira (29) com o Presidente Donald Trump e líderes do Congresso terminaram sem acordo.

O que causa o risco de Shutdown

O shutdown é acionado quando o Congresso não aprova as 12 leis anuais de apropriação ou, pelo menos, uma lei temporária de continuidade orçamentária (Continuing Resolution – CR) para manter as operações do governo. A paralisação interrompe o financiamento de agências consideradas “não essenciais”.

O atual impasse é profundamente político, centrado em duas grandes disputas.

Saúde e o ACA (Obamacare)

Democratas exigem que qualquer CR inclua a extensão dos subsídios que ajudam milhões de americanos de baixa renda a pagar por seguros de saúde. O Vice-Presidente JD Vance acusa os Democratas de “segurar o governo refém” por essas demandas.

Cortes de gastos

Os Republicanos, que controlam a Casa Branca e o Congresso, buscam cortes de gastos de US$1 trilhão e a eliminação de agências que consideram “redundantes”. Os Democratas acusam a sigla de “crueldade” ao priorizar cortes em detrimento de programas sociais e saúde.

Líderes de ambos os partidos se culpam publicamente. Republicanos usam a hashtag #SchumerShutdown, enquanto Democratas afirmam que o GOP está travando uma “luta pela saúde do povo americano”.


Líder da Câmara dos Representantes dos EUA, Hakeem Jeffries e líder da minoria no Senado, Chuck Schumer (esq.)(Foto: reprodução/BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images Embed)

Impactos diretos da paralisação

Se o Congresso não agir até a meia-noite, a partir de 1º de outubro, o país enfrentará uma série de disrupções, como:

Cerca de 2 milhões de funcionários “não essenciais” podem ser colocados em licença não remunerada (furlough). Funcionários essenciais (controle de tráfego aéreo, alfândega) continuam trabalhando, mas sem receber salário até o fim do impasse.

Fechamento de parques nacionais e museus (como o Smithsonian), atraso no processamento de vistos e passaportes, e suspensão de novas pesquisas no NIH (Institutos Nacionais de Saúde).

A Receita Federal (IRS) pode atrasar o processamento de reembolsos de impostos. Veteranos e agricultores podem enfrentar atrasos em benefícios e empréstimos federais.

Pagamentos de benefícios de Social Security (aposentadoria) e Medicare continuam, mas o processamento de novos pedidos pode parar ou ser severamente atrasado.

Economia e mercado

Embora shutdowns sejam eventos políticos recorrentes, eles têm um custo econômico real. O último grande shutdown (2018-2019) durou 35 dias e custou cerca de US$3 bilhões à economia americana.

A incerteza política já causa volatilidade. O risco fez com que o termo “Government Shutdown” fosse um dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter) e levou a uma compra agressiva de calls no índice VIX (o “medidor de medo” do mercado), sinalizando pânico entre investidores. Mercados de ações e criptomoedas podem cair inicialmente.

Uma das consequências mais graves é a suspensão da divulgação de dados econômicos essenciais, como o relatório mensal de emprego (Payroll) e os dados de inflação, deixando o Federal Reserve (Fed) e os mercados sem informações vitais para tomar decisões.

A instabilidade reforça preocupações sobre a governabilidade dos EUA, o que pode levar as agências de classificação de risco a rebaixar a nota de crédito do país.

O país aguarda agora um acordo de última hora, que pode vir na forma de uma CR curta, mas as negociações seguem tensas. Se a paralisação ocorrer, o tempo médio de duração, embora incerto, geralmente não ultrapassa poucas semanas.

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