EUA prometem intensificar operações contra cartéis de drogas na Venezuela
Forças armadas visam ampliar a presença e o controle nas rotas do narcotráfico no mar do Caribe, aumentando a tensão contra o governo de Nicolás Maduro

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta quarta-feira (3) que as operações contra o narcotráfico internacional não apenas continuarão, como também devem se intensificar nas próximas semanas, sob comando de Donald Trump. A declaração foi feita após um ataque militar norte-americano, realizado na terça-feira (2), que deixou 11 mortos a bordo de uma embarcação venezuelana suspeita de transportar drogas.
Apesar da repercussão global, detalhes sobre a operação permanecem obscuros. As autoridades norte-americanas não informaram quais substâncias ilícitas estavam no barco nem qual base legal foi usada para justificar a ofensiva em águas internacionais. O Pentágono, até agora, mantém silêncio sobre os métodos empregados. O que se sabe é que a embarcação foi totalmente destruída e não houve sobreviventes.
Declarações oficiais
A ofensiva representa a primeira ação pública desde o envio de navios de guerra ao sul do Caribe pelo governo Trump, em uma escalada contra cartéis de drogas na América do Sul, com foco no regime de Nicolás Maduro.
Em entrevista à Fox News, Hegseth classificou a missão como “extremamente séria” e advertiu que qualquer embarcação vinculada a grupos narcoterroristas terá o mesmo destino. “Temos recursos no ar, no mar e em navios. Esta missão não vai parar aqui”, disse. Trump reforçou o discurso, acusando os tripulantes de integrarem a gangue venezuelana Tren de Aragua, considerada organização terrorista pelos EUA desde fevereiro. Segundo ele — sem apresentar provas — o grupo transportava “quantidades massivas de drogas”.
O secretário de Estado, Marco Rubio, em visita à Cidade do México, endossou a narrativa, afirmando que “ações similares já estão sendo preparadas” e que os EUA “não pedirão permissão para defender seu povo”. Hegseth, por sua vez, declarou que “a única pessoa que deveria estar preocupada é Nicolás Maduro, chefe de um narcoestado”. Além disso, Washington dobrou a recompensa por informações que levem à captura do presidente venezuelano, agora fixada em US$ 50 milhões.
🇺🇸 ON VIDEO: U.S. Military Forces conducted a strike against Tren de Aragua Narcoterrorists. The strike occurred while the terrorists were at sea in International waters transporting illegal narcotics, heading to the U.S. The strike resulted in 11 terrorists killed in action. pic.twitter.com/iszHE0ttxQ
— The White House (@WhiteHouse) September 2, 2025
Publicação referente a ofensiva dos EUA no mar do Caribe (Vídeo: reprodução/X/@WhiteHouse)
Críticas e questionamentos
Apesar do tom firme do governo Trump, a operação levantou fortes críticas dentro e fora dos EUA. Especialistas contestam a legalidade da ação, mesmo que tenha ocorrido em alto-mar. A justificativa de Rubio, de que se tratava de “um barco cheio de cocaína ou fentanil”, não foi considerada suficiente.
Na Venezuela, tanto autoridades do governo quanto setores da oposição levantaram dúvidas sobre a veracidade do vídeo divulgado por Trump, que mostra o suposto momento do ataque. Alegam que as imagens podem ter sido manipuladas digitalmente, hipótese ainda investigada por agências internacionais de verificação.
Controvérsias na região
Enquanto Washington insiste que a ofensiva íntegra a guerra contra o narcotráfico, críticos a veem como pretexto para uma eventual intervenção militar na Venezuela. A líder opositora María Corina Machado, no entanto, apoiou a ação, afirmando que ela salva-vidas “em ambos os lados do continente”. Já Henrique Capriles questionou os números divulgados: “Como sabiam que eram venezuelanos? Como contaram exatamente 11 mortos? Alguém recuperou documentos no mar?”.
O episódio é interpretado por parte da comunidade internacional como o início de uma nova e controversa fase da política externa de Trump na América do Sul. Nos últimos dias, a presença militar norte-americana no Caribe aumentou, com o envio de cerca de 4.500 fuzileiros e marinheiros, além de navios de guerra, em operações contra o cartel Tren de Aragua, que, segundo autoridades dos EUA, mantém ramificações em vários países da região e até mesmo na Flórida. Para o alto escalão do governo Trump, trata-se apenas do primeiro capítulo de uma guerra direta contra o narcotráfico na América do Sul.
Matéria por Neci Valencosta (In Magazine)