O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom nas discussões comerciais com os Estados Unidos. Insatisfeito com o ritmo das negociações sobre as tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros, Lula afirmou que está disposto a “pegar o telefone novamente” e falar diretamente com Donald Trump se não houver avanço “em breve”.
A declaração foi feita nos bastidores da COP30, conferência climática da ONU sediada em Belém, e revela o desconforto do Planalto com a lentidão das conversas bilaterais. Desde agosto, o governo americano elevou tarifas de importação que afetam setores estratégicos do Brasil, como o agronegócio, o aço e a indústria de transformação.
Conversa com Trump
Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, Lula espera uma sinalização concreta de Washington antes do fim da conferência. Caso contrário, pretende acionar o canal direto com Trump, estratégia que, no passado, o petista usou para destravar impasses diplomáticos com outros líderes.
Imagem do último encontro entre os presidentes e texto de Lula (Foto: reprodução/X/@bacurauA)
“Quando o diálogo técnico emperra, o político precisa destravar”, teria dito Lula a assessores. A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin estão prontos para embarcar a Washington assim que houver espaço para uma nova rodada de negociações.
Entre diplomacia e pressão
A disputa tarifária reacende tensões comerciais entre as duas maiores economias das Américas e coloca o Brasil em posição delicada. O governo tenta equilibrar o discurso de cooperação com a necessidade de proteger exportadores nacionais, que temem prejuízos bilionários caso as sobretaxas se mantenham.
Analistas avaliam que o gesto de Lula tem duplo objetivo: mostrar firmeza no cenário externo e reforçar internamente a imagem de um presidente que age para defender os interesses do país. O momento também é simbólico, enquanto o Brasil sedia a COP30, busca afirmar protagonismo global não apenas ambiental, mas econômico.
Cenário em aberto
Nos bastidores, interlocutores veem duas possibilidades: um acordo relâmpago antes do encerramento da conferência ou o início de uma queda de braço mais dura entre Brasília e Washington.
Se a ligação de Lula se concretizar, pode se transformar em um novo episódio da diplomacia pessoal do presidente, marcada por gestos diretos e pouco convencionais, mas muitas vezes eficazes.
