Bancos mundiais passam a investir em reservas de ouro, euro e yuan após desdolarização
Libra, franco suíço e dólar australiano também se destacam nas reservas emergenciais, projetadas para superar as infrações em momentos de crise

Segundo o relatório do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF) divulgado nesta terça-feira (24), grande parte dos bancos centrais passará a priorizar o ouro, euro e yuan em detrimento do dólar. De acordo com o documento, as mudanças nas estratégias foram motivadas pelas recentes questões geopolíticas.
Ouro, euro e yuan
Após o Dia da Libertação, nome dado ao dia em que as recentes tarifas comerciais foram implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, houve grandes mudanças na dinâmica comercial mundial, incluindo uma queda na influência do dólar, que até o ano passado era a principal moeda dos investidores.
A pesquisa da OMFIF realizada em maio deste ano revelou que 70% dos entrevistados se sentem atualmente desmotivados a continuar investindo no dólar por conta do ambiente político estadunidense. Em meio às mudanças no cenário, 40% dos bancos planejam investir a longo prazo em suas reservas de ouro: “Após anos de compras recordes de ouro pelos bancos centrais, os gestores de reservas estão dobrando a aposta no metal precioso”, afirmou o Fórum Oficial.
Yuan, moeda oficial da República Popular da China (Foto: reprodução/S3studio/ getty images embed)
O euro e o yuan, moedas oficiais de países europeus e da República Popular da China, também ganharam mais espaço após a queda do dólar, com 16% dos bancos planejando aumentar suas reservas da moeda.
Recuperação
Segundo pesquisa da Reuters, o euro poderá recuperar sua influência perdida em 2011, após a crise da dívida pública dos países na “Zona do Euro”, podendo gerar uma participação de 25% nas reservas cambiais.
A expectativa da queda do dólar se mostra um cenário novo no mundo financeiro. Max Castelli, chefe de estratégia e consultoria de mercados soberanos globais do UBS Asset Management, afirma que: “Pelo que me lembro, essa pergunta nunca foi feita antes, nem mesmo após a grande crise financeira de 2008”, ao se referir aos questionamentos feitos pelos grandes gerentes sobre a classificação atual do dólar.
Ainda assim, a moeda estadunidense, mesmo após uma queda significativa, continua preservando a condição de principal reserva do mundo até o momento, com participação de 52%.