Volumetria artesanal e silhuetas etéreas marcam retorno de Freya Dalsjø

Após seis anos longe das passarelas Freya Dalsjø volta à Copenhagen Fashion Week com peças esculturais feitas em couro trançado e fibras naturais

06 ago, 2025
Coleção SS26 de Freya Dalsjø | Reprodução/Fashion Network
Coleção SS26 de Freya Dalsjø | Reprodução/Fashion Network

Após seis anos longe das passarelas, Freya Dalsjø voltou à Copenhague Fashion Week com uma apresentação que não apenas reafirma sua importância na cena escandinava, mas também enriquece seu vocabulário criativo. Ao escolher uma coleção que ignora a pressa das tendências, a estilista oferece um guarda-roupa cheio de peças duráveis, todas com um toque de rigor artesanal.

Fundada em 2012, a marca se destaca por sua abordagem inovadora e pela seleção cuidadosa dos materiais. Para o verão 2026, a sustentabilidade não aparece como discurso isolado, mas como eixo que sustenta toda a coleção. As peças são compostas por fibras naturais e tecidos excedentes de grifes de luxo, que seriam descartados — política obrigatória entre os participantes do evento dinamarquês, mas que Dalsjø leva além, incorporando inovação estética.

Couro trançado e materiais inusitados elevam o acabamento

O grande destaque da coleção está no couro, que aparece trabalhado com uma técnica própria da marca: tiras finas do material são enroladas, cortadas em diferentes comprimentos e aplicadas de maneira a criar volume e textura. De longe, o resultado lembra pele ou penas — dois materiais proibidos na semana de moda por motivos ambientais, mas evocados aqui de forma engenhosa.



Essa proposta ganha força ao lado de peças em cashmere duplo costurado à mão, sedas estruturadas e materiais menos usuais, como crina de cavalo e madeira. Em vez de soar excessiva, a justaposição dessas matérias resulta em um equilíbrio entre suavidade e rigidez que guia toda a coleção. A marca também incorporou o llacon, tecido artesanal de Hangzhou, na China, em colaboração com a Felefasa.

Paleta contida revela a força de cada textura

Com tonalidades que variam entre marfim, carvão, java e mogno, a paleta aposta na contenção cromática para dar protagonismo à construção das roupas. Em seda, lã ou couro, as silhuetas não se impõem — flutuam. É um exercício de presença silenciosa que amplia a sofisticação da coleção e reafirma o apreço de Dalsjø pela permanência.



Ao invés de simplesmente criar peças para o presente, a marca dinamarquesa se dedica a estabelecer um diálogo com o futuro. Ela propõe roupas que não só têm um apelo visual duradouro, mas que também se destacam pela qualidade dos materiais e pela habilidade artesanal envolvida. O seu retorno ao calendário de Copenhague não é apenas motivo de celebração — é algo essencial.

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