Em uma virada histórica no universo do luxo, a Hermès superou a LVMH e se tornou a marca mais valiosa do setor. Avaliada em impressionantes US$ 238 bilhões, a Maison francesa valorizou 17,8% nos últimos 12 meses, enquanto sua principal concorrente registrou uma queda de 19,9% no mesmo período. O feito não apenas marca uma mudança no topo do mercado de luxo, mas também sinaliza uma transformação nas estratégias que determinam o sucesso nesse segmento.
Filosofia padrão e mercado diversificado
Diferentemente da LVMH, cujo conglomerado aposta em expansão agressiva e um portfólio diversificado com nomes como Louis Vuitton, Dior e Fendi, a Hermès segue um caminho mais exclusivo. A empresa foca na escassez planejada, na produção artesanal e na manutenção de uma identidade sólida e coerente.
Bolsas icônicas como a Birkin e a Kelly ilustram essa filosofia: produzidas à mão e disponibilizadas em quantidades limitadas, elas têm listas de espera que podem durar anos e, no mercado de revenda, ultrapassam com folga os preços oficiais.
Bolsa Birkin na cor laranja que virou febre no mundo da moda (Foto: reprodução/Edward Berthelot/Getty Images Embed)
Resultados e valorizações
Essa estratégia tem dado resultados expressivos. Em 2024, enquanto a LVMH viu suas vendas de moda e couro caírem 3%, a Hermès cresceu 13%, impulsionada por uma clientela de altíssima renda, menos sensível às instabilidades econômicas. O fundador da OpenLuxury, James Firestein, destacou à revista Fortune que a Birkin valorizou 14,2% ao ano entre 1980 e 2015, superando até o ouro como investimento.
Histórico da Hermès
Fundada em 1837, a Hermès preserva com rigor sua tradição, evitando modismos e mantendo a integridade de preços. Seu crescimento revela que, em tempos de excesso e consumo veloz, o verdadeiro luxo pode estar justamente na raridade, no tempo e na excelência artesanal. Ao operar como uma marca única, sem a diluição de identidade comum a conglomerados, a Hermès conquista não apenas consumidores, mas verdadeiros colecionadores.
Sua postura discreta, aliada ao controle rígido da distribuição e à valorização do trabalho manual, reforça o prestígio de seus produtos e alimenta o desejo contínuo por peças que são tratadas como patrimônio cultural e não apenas como itens de moda.
Foto destaque: logo da marca Hermès exibido na frente da loja da marca no Hotel Bellagio em Las Vegas (Reprodução/Kevin Carter/GettyImages Embed)