Flavia Aranha revela técnicas sustentáveis em desfile da SPFW
Designer aposta em fibras nativas e tingimentos botânicos para pintar sua coleção verão e apresenta parcerias para produção escalável durante o SPFW 26

No SPFW N60, Flavia Aranha volta às passarelas com uma proposta audaciosa: deixar de lado os métodos convencionais de criação e focar na pesquisa de materiais sustentáveis. A designer de moda, que não participa da semana de moda desde 2019, apresenta vestidos, blazers e conjuntos feitos com fibras da Amazônia, tingimentos botânicos e colaborações com projetos de biotecnologia, evidenciando um compromisso com a moda sustentável e a mudança nos processos de produção.
Pesquisa têxtil como ponto de partida
Ao contrário do processo criativo tradicional, que começa com uma inspiração ou narrativa, Flavia Aranha inverte a ordem: ela começa experimentando materiais e tecnologias sustentáveis. O estudo de novas fibras, como a malva amazônica, que é semelhante à juta, é fundamental no processo. Com a descoberta desses materiais, a designer cria modelagens e cortes que interagem com suas características naturais.
Desfile de Flávia Aranha durante o SPFW N60 (Foto: reprodução/FFW)
Esse método permite que tecidos anteriormente vistos como “exóticos” sejam incorporados em peças do dia a dia, como vestidos tomara-que-caia e calças aladin, mantendo sempre um toque rústico que, apesar de perceptível, não compromete a sofisticação.
Ademais, Aranha demonstra sua ambição de não só fornecer roupas para o público, mas também suprir outras marcas com esses materiais. Nesse contexto, ela aposta na reestruturação da marca e na escalabilidade da produção para vender seus tecidos sustentáveis a terceiros.
Parcerias para inovação e responsabilidade
A maioria da coleção destaca o compromisso com a moda sustentável por meio de parcerias estratégicas. Ela utiliza couro de micélio, tecidos botânicos produzidos em conjunto com algas, fios de algodão e tinturas à base de plantas como urucum, cebola roxa, índigo, entre outros, desenvolvendo esses materiais em colaboração com comunidades e startups especializadas.
Também são notáveis as peças bordadas com sementes nativas recolhidas por mulheres da Amazônia e as pinturas feitas à mão por artistas indígenas.
Desfile Flávia Aranha com elementos sustentáveis durante o SPFW N60 (Foto: reprodução/FFW)
Essa rede de colaboração reforça a cadeia local e dá à marca uma identidade territorial. Simultaneamente, destaca a função da moda como agente socioambiental: não é suficiente inovar esteticamente; é preciso se comprometer com ecossistemas, produtores e conhecimentos tradicionais.
A proposta de transformar o tecido resultante em um “linho nativo brasileiro” demonstra que o conceito ultrapassa a teoria e requer investimentos em maquinário, pesquisa e logística para que o modelo se torne viável.