O embate legal entre a Chanel e o brechó norte-americano WGACA, iniciado em 2018, alcança uma nova fase com o início do julgamento em Nova York. A Chanel alega que a empresa revende produtos falsificados e sugere associação não autorizada com a marca de luxo. Esse confronto pode moldar o futuro do mercado de segunda mão, que projeta dobrar para US$ 350 bilhões até 2027.
A disputa judicial
O processo teve início em 2018, quando a Chanel acusou o WGACA de divulgar publicidade enganosa, insinuando uma ligação comercial e autenticação indevida de produtos usados. Segundo a equipe legal da maison, o brechó comercializou uma quantia de US$ 90 milhões em artigos pré-utilizados da Chanel no período de 2016 a 2022. Contudo, a grife francesa destaca que o WGACA disponibiliza bolsas falsificadas vinculadas a números de série previamente invalidados pela Chanel.
Dentre as imputações, incluem-se também a venda de bolsas fraudulentas com características que não condizem com as legítimas e que possuem números de série autênticos, além da promoção de itens da Chanel que não foram concebidos para comercialização, destinando-se apenas à exposição. Agora, o tribunal federal de Nova York é palco do julgamento que aborda a venda de produtos supostamente falsificados.
O brechó
Inaugurado em 1993 por Seth Weisser e Gerard Maione, o What Goes Around Comes Around teve sua origem nos Estados Unidos. A loja de segunda mão possui estabelecimentos em Nova York e uma unidade de varejo localizada em Beverly Hills, Los Angeles, além de operações de comércio eletrônico. Em seu catálogo, a empresa compromete-se a oferecer peças de marcas ilustres, tais como Hermès, Louis Vuitton, Gucci, Dior, Fendi, Saint Laurent e, claro, a Chanel.
What Goes Around Comes Around (Foto: reprodução/Vogue)
Implicações para o mercado de segunda mão
O veredito deste caso pode remodelar o próspero mercado de segunda mão, estimado em atingir US$ 350 bilhões até 2027. Com mais de 50% dos consumidores entre 15 e 24 anos admitindo comprar réplicas intencionalmente, a decisão terá repercussões significativas para revendedores e consumidores.
O brechó WGACA se defendeu, refutando as acusações e destacando seu papel como fornecedor de marcas de luxo sem pretensões de afiliação direta. A Chanel, por sua vez, reforça seu compromisso em proteger a marca e consumidores contra falsificações prejudiciais.
A decisão deste embate legal poderá desencadear mudanças nas práticas do mercado de segunda mão, instigando uma análise minuciosa dos produtos vendidos e das estratégias de marketing adotadas pelos revendedores de luxo.
Foto destaque: modelo de bolsa Chanel (Reprodução/Bloomberg)