Polêmica na Bélgica: atraso na largada divide opiniões entre pilotos da F1

Corrida em Spa-Francorchamps, na Bélgica sofreu um atraso de 1h20 devido à intensa chuva que atingiu o circuito antes da largada

27 jul, 2025
Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica I Reprodução/ NurPhoto/ Getty Images Embed
Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica I Reprodução/ NurPhoto/ Getty Images Embed

O Grande Prêmio da Bélgica de Fórmula 1 teve sua largada adiada em uma hora e 20 minutos devido à intensa chuva, que inclusive causou o cancelamento da prova da Fórmula 3. A decisão dos comissários gerou reações divididas: enquanto Lewis Hamilton e Max Verstappen criticaram o atraso, Gabriel Bortoleto, Carlos Sainz e Pierre Gasly saíram em defesa da medida.

O tetracampeão contestou a escolha da direção de prova de adiar a largada do GP da Bélgica por mais de uma hora por conta da baixa visibilidade. Segundo ele, a decisão acabou prejudicando a estratégia da Red Bull, que havia optado por uma configuração voltada para pista molhada.

Chuva marca o GP da Bélgica

Uma forte chuva atingiu Spa-Francorchamps antes da largada, levando a direção de prova a suspender o início da corrida após a volta de apresentação, por conta da visibilidade reduzida. A largada foi adiada em 80 minutos, até às 16h20 (horário local), enquanto fiscais removiam a água acumulada.

Após mais quatro voltas com o safety car, a prova começou em boas condições. Muitos pilotos trocaram para compostos, slick em seguida. A Red Bull, porém, foi prejudicada por apostar em acerto para chuva, o que comprometeu a velocidade reta de Verstappen e Tsunoda.

Max Verstappen, preso atrás de Charles Leclerc por 39 voltas e terminando em quarto, se mostrou frustrado, sentindo que a equipe foi penalizada por apostar em pista molhada.


Max Verstappen no circuito de Spa (Foto: reprodução/ NurPhoto/ Getty Images Embed)

“Decepcionante”, diz Verstappen sobre decisão em Spa

“Fizemos uma escolha com a configuração e eles só nos permitiram pilotar em condições quase escorregadias, então foi um pouco decepcionante”, disse ele, sentindo que o controle de corrida compensou demais após liberar os carros muito cedo durante um GP da Grã-Bretanha chuvoso, o que levou Isack Hadjar a colidir com Andrea Kimi Antonelli na curva Copse, sob forte neblina”, afirmou o tetracampeão.

“Foi uma escolha que fizemos com a configuração do carro, que foi a errada, é claro, porque eles não nos permitiram correr no molhado. Quando chegamos com os pneus para pista seca, estávamos muito lentos na reta. E com os problemas gerais de equilíbrio que eu já tinha com esse carro, tudo ficou um pouco pior”, continuou Verstappen.

Verstappen, conhecido por seu desempenho em condições de pista molhada, considerou que o traçado já estava quase em condições ideais no horário original da largada. Para ele, bastariam algumas voltas atrás do safety car para dispersar a água acumulada em certos trechos, especialmente entre as curvas 1 e 5. O restante da pista, na visão do piloto, já oferecia condições seguras para o início da prova. Verstappen também discordou da postura de alguns colegas que solicitaram o adiamento, argumentando que os pilotos poderiam adaptar sua velocidade conforme a visibilidade, sem a necessidade de um atraso tão longo.


Verstappen não conseguiu ultrapassar Leclerc em Spa (Foto: reprodução/ NurPhoto/ Getty Images Embed)

“Então é melhor dizer: ‘Sabe de uma coisa, vamos esperar até que esteja completamente seco e então começaremos com os pneus slicks’. Porque, para mim, essa não é uma corrida com tempo úmido. No final das contas, eles fazem o que querem, certo? Mas acho que é uma pena para todos. Você nunca mais verá essas corridas clássicas em pista molhada”, concluiu o holandês.

Hamilton e Verstappen têm mesma visão sobre decisão em Spa

Lewis Hamilton, que finalizou na sétima posição, compartilhou a opinião de Verstappen de que a corrida poderia ter sido iniciada com a pista molhada: “Meu carro foi configurado para isso, então esperei que ele [o safety car] saísse”.

Sobre a relargada, uma hora após o atraso, Hamilton acredita que a corrida poderia ter começado com uma largada parada tradicional, especialmente porque a pista já estava praticamente seca e com pouco spray no final.

No entanto, o heptacampeão entende que a demora para iniciar foi uma reação ao que ocorreu em Silverstone, que também teve chuva intensa, mas manteve a corrida ativa. Segundo ele, a decisão de adiar a largada foi uma medida tomada após discussões entre os pilotos, levando em conta a experiência da última prova, quando a largada precoce não foi considerada adequada.

“Então, acho que eles se concentraram apenas na visibilidade. Alguém à frente disse que a visibilidade estava muito ruim, o que não era ótimo, mas não era tão ruim quanto na última corrida. E acho que eles apenas esperaram, só para ter certeza”, afirmou o heptacampeão.

“Acho que, mesmo assim, fizeram um bom trabalho. É claro que perdemos algumas das corridas extremamente molhadas, o que teria sido bom. Mas, por algum motivo, o spray aqui é realmente, ou pelo menos neste ano, como atravessar uma neblina. Não sei o que vamos fazer para tentar consertar isso”, finalizou Hamilton.

Sainz, Bortoleto e Gasly têm opinião contrária à de Verstappen

A cautela adotada pela direção de prova foi bem recebida por alguns pilotos, que destacaram a importância da segurança em um circuito de alta velocidade marcado por tragédias no passado, como a morte do piloto Dilano van ’t Hoff há dois anos, causada por um acidente sob forte chuva.

Gabriel Bortoleto, que terminou entre os primeiros pontuadores, ressaltou que a segurança deve ser prioridade e que, devido ao spray intenso e ao risco de aquaplanagem, correr nas condições iniciais teria sido perigoso. Ele afirmou valorizar pilotar em qualquer tipo de pista, mas reconheceu que é necessário ser realista quando o cenário não oferece segurança.

Carlos Sainz, da Williams, concordou que em situações normais a largada poderia ter ocorrido um pouco antes, mas lembrou que, em Spa-Francorchamps, com seu histórico, a precaução é fundamental para evitar acidentes.

Pierre Gasly, que perdeu um amigo próximo em um acidente no mesmo circuito, também apoiou a decisão do controle de corrida. Ele destacou a visibilidade extremamente limitada no momento da largada e considerou correta a interrupção da prova. Embora houvesse a possibilidade de reiniciar alguns minutos antes, Gasly entende que, diante do histórico da pista, é preferível atrasar o início da corrida para garantir a segurança dos pilotos.

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