Nem sempre o que define um técnico são os gritos à beira do campo, mas o que ele diz e como diz, nos momentos de tensão. No empate do Flamengo contra o São Paulo, Filipe Luís viveu um desses instantes que testam o verdadeiro tamanho de um líder.
Aos 31 minutos do segundo tempo, o Flamengo vencia por 2 a 1 quando Gonzalo Plata, em disputa acirrada com Sabino, chegou atrasado e acabou expulso após receber o segundo cartão amarelo. O clima esquentou dentro e fora do gramado, e a torcida sentiu o peso do momento.
Enquanto muitos esperavam reações impulsivas ou reclamações com a arbitragem, Filipe Luís surpreendeu. Captado por câmeras, o treinador demonstrou serenidade e foco total na reorganização do time. Segundo leitura labial feita por um especialista, ele orientou rapidamente:
“Bora, bora! Os três!”
— referência às substituições que redesenhariam a equipe para suportar a pressão santista nos minutos finais.
Controle emocional e comando na crise
A reação imediata de Filipe revelou algo que os números e as estatísticas não mostram: controle emocional. Em vez de se perder em gestos de irritação, o técnico transmitiu segurança ao elenco. O banco respondeu, e o Flamengo, mesmo com um a menos, manteve a competitividade até o apito final.
Imagem de Plata após ser expulso em jogo do Flamengo (Foto: reprodução/X/@viniesportes)
Esse tipo de comportamento é valioso em um momento em que o clube vive sob cobrança intensa por resultados e desempenho. Filipe Luís, ainda em início de trajetória como treinador, parece compreender que liderança também se mede pelo exemplo.
Filipe defende Plata e assume a responsabilidade
Após o jogo, o ex-lateral reforçou em palavras o que já havia mostrado em atitude. Em entrevista, saiu em defesa de Plata e minimizou o lance que gerou a expulsão:
“Uma expulsão como a do Plata de hoje foi sem querer. Ele quis ir na bola e acabou pegando o adversário. Eu jamais vou vir aqui botar o dedo e culpar o jogador. Estou aqui para colocar a culpa em mim mesmo.”
A fala reforça um perfil raro no futebol brasileiro recente, o de um técnico disposto a proteger o grupo e assumir as consequências. Ao fazer isso, Filipe ganha respeito interno e reforça a confiança de um elenco que ainda busca consistência.
Liderança em construção
Mais do que o resultado em campo, a postura de Filipe Luís mostra um traço de maturidade. Ele enxerga o futebol como ambiente de aprendizado e equilíbrio, não apenas de vitórias e derrotas. Sua calma diante da turbulência passa uma mensagem: o Flamengo pode ser intenso sem ser impulsivo.
Com o time ainda vivo na briga pelas primeiras posições do Campeonato Brasileiro, o desafio é manter essa mesma serenidade nas próximas rodadas. A forma como Filipe reage aos momentos de crise pode ser o alicerce do que o Flamengo pretende construir dentro e fora de campo.
Mais do que um técnico, um líder em formação
A leitura labial captou mais do que palavras: captou caráter. Filipe Luís mostrou que comando não é apenas desenhar jogadas, mas também entender pessoas. Em um futebol cada vez mais emocional e midiático, essa combinação pode fazer toda a diferença.
Se o Flamengo conseguir espelhar em campo a calma e a convicção de seu técnico, o time não apenas continuará competitivo, poderá se tornar, de fato, um grupo mais unido, maduro e preparado para os grandes desafios.
