Entenda como a Fifa pode punir o Corinthians por dívidas não quitadas

Corinthians acumula dívidas acima de R$120 mi, sofre transfer ban da Fifa e corre risco de perda de pontos ou rebaixamento caso não pague credores

02 out, 2025
Gui Negão marcou o gol do Corinthians Instagram I Corinthians I Rodrigo Coca
Gui Negão marcou o gol do Corinthians Instagram I Corinthians I Rodrigo Coca

O Corinthians enfrenta uma situação delicada no cenário internacional. O clube foi condenado pela Fifa a pagar R$ 6,2 milhões ao Midtjylland, da Dinamarca, por atraso no pagamento da contratação do volante Charles, que chegou em 2024. Esse é apenas um dos processos que pesam contra o Timão, que já soma seis condenações no órgão máximo do futebol mundial.

Atualmente, o Corinthians cumpre um transfer ban imposto em agosto, referente a uma dívida de cerca de R$ 40 milhões com o Santos Laguna, do México, pela contratação do zagueiro Félix Torres. Além disso, no final de setembro, o CAS (Corte Arbitral do Esporte) condenou o clube a pagar R$ 45 milhões ao meia Matías Rojas, por atraso no pagamento de direitos de imagem.

Ao todo, os valores em disputa ultrapassam R$ 120 milhões em diferentes ações, envolvendo ainda Talleres (Rodrigo Garro), Shakhtar Donetsk (Maycon) e Philadelphia Union (José Martínez). A soma desses débitos agrava ainda mais a dívida total do clube, estimada em R$ 2,6 bilhões.

Transfer ban: como funciona e quais os riscos

O transfer ban é a principal punição aplicada pela Fifa em casos de inadimplência. Ele impede que clubes registrem novos jogadores até que a dívida seja integralmente paga ou que seja firmado um acordo homologado com o credor. Segundo o advogado Nilo Effori, especialista em direito esportivo, a sanção pode se prolongar indefinidamente caso os valores não sejam quitados.

De acordo com o Código Disciplinar da Fifa 2025, após o vencimento do prazo de pagamento, o clube inadimplente sofre automaticamente a restrição de transferências. O bloqueio permanece ativo até que a dívida seja resolvida. Caso ocorram reincidências ou a soma de várias sanções, o órgão internacional pode estender o período da punição por múltiplas janelas de transferências.

No caso do Corinthians, o clube já foi punido em duas janelas de registro e segue sob risco de novas ampliações. Isso significa que, se não houver um acordo ou pagamento em curto prazo, o Timão pode ficar sem reforços por até três anos consecutivos, o que comprometeria diretamente seu planejamento esportivo.

Possibilidade de perda de pontos e rebaixamento

Além do transfer ban, existe a possibilidade de sanções esportivas mais severas. A Fifa prevê, em casos de inadimplência persistente, a dedução de pontos ou até mesmo o rebaixamento para uma divisão inferior. Embora essas medidas não sejam aplicadas de forma automática, o Corinthians corre o risco de ser punido caso não regularize seus débitos.

Segundo Effori, o Artigo 21 do Código Disciplinar da Fifa estabelece que, após três períodos consecutivos de proibição de registro sem que a dívida seja paga, o clube pode ser punido com perda de pontos. Em casos extremos, o rebaixamento também é possível. Além disso, a Fifa pode aplicar juros anuais de 18% sobre os valores devidos, o que aumenta ainda mais a dívida principal.


Corinthians publica treinos para os próximos jogos (Vídeo: Reprodução/Instagram/@corinthians)

Para evitar esse cenário, a diretoria alvinegra busca soluções financeiras, como a antecipação de receitas de contratos de patrocínio e acordos comerciais. A estratégia é quitar ou renegociar as dívidas para impedir que o clube seja alvo de medidas que possam impactar diretamente seu desempenho em campo.

Como o Corinthians pode resolver a crise

De acordo com especialistas, não há atalhos jurídicos que possam suspender as punições da Fifa. A única solução para o Corinthians é quitar as dívidas ou negociar acordos que sejam homologados pela entidade. Enquanto isso não ocorre, o clube segue impedido de contratar e sob risco de novas penalidades.

O advogado Nilo Effori destaca que a questão é essencialmente de gestão financeira. “O Código é claro: ou se paga, ou se negocia. Não há outra saída. Caso contrário, o transfer ban continua, e as sanções podem se agravar para perda de pontos ou até rebaixamento”, explica.

Diante desse cenário, a diretoria tenta equilibrar o caixa em meio a uma dívida total bilionária. A pressão da torcida aumenta a cada nova punição, e a incerteza sobre o futuro esportivo do clube coloca ainda mais responsabilidade sobre os dirigentes. O desafio do Corinthians vai além do campo: passa por uma reestruturação financeira urgente para evitar prejuízos irreversíveis.

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