Ausência de Montoro faz Botafogo perder identidade de jogo
Sem a presença do meia argentino Montoro, peça-chave na atual equipe titular, Botafogo demonstra fragilidade criativa e perde para o São Paulo no MorumBis

Em partida válida pela 22ª etapa do Campeonato Brasileiro, o Botafogo foi superado pelo São Paulo por placar de 1 a 0 no domingo (14). A equipe alvinegra, que há apenas três dias havia sido eliminada da Copa do Brasil pelo Vasco após apresentar uma desempenho apática, novamente mostrou-se incapaz de encontrar soluções ofensivas no gramado do MorumBis.
A repetição de um desempenho tão abaixo do esperado, especialmente no que tange à criatividade, salienta de forma gritante a ausência do jovem talento argentino Álvaro Montoro. O técnico Davide Ancelotti, em sua coletiva pós-jogo, foi questionado sobre a situação do atleta, um assunto que já havia sido abordado após o revés na competição nacional de eliminatórias.
O comandante italiano justificou suas escolhas táticas e detalhou os problemas físicos que afastaram o jogador dos dois compromissos. Sobre a decisão de escalar três volantes, Ancelotti foi direto: “A ideia de escalar três volantes foi primeiro pela falta de ponta direita que temos, porque Álvaro (Montoro) eu não considero que esteja preparado para jogar um jogo com a intensidade de hoje”. Já em relação ao jogo contra o Vasco, na quarta-feira anterior, o treinador havia dado mais detalhes sobre o estado do atleta, explicando: “O Álvaro (Montoro) está com um problema gastrointestinal, vomitando hoje; ele não tinha energia para jogar. O Danilo também tem um problema físico, porque teve um problema na sexta-feira, depois não treinou até ontem. Era risco demais jogar hoje para ele”.
O impacto da ausência no setor ofensivo
A falta de inventividade do Botafogo tem sido alarmante. O time demonstra sérias dificuldades em progredir com a bola e elaborar jogadas que resultem em oportunidades claras de gol dentro da área adversária. Essa carência criativa impede a geração daquele volume de chances que caracterizou o time em fases anteriores da temporada. Sem conseguir conectar o meio-campo ao ataque de forma eficiente, o Glorioso se vê obrigado a recorrer a cruzamentos ou finalizações de longa distância, ações de baixa porcentagem de sucesso. A equipe, que antes era temida pela sua verticalidade, agora parece previsível e fácil de ser neutralizada pelas defesas adversárias.
Analisando os dois últimos jogos, fica nítido que o time sente profundamente a falta da presença de Montoro em campo. Apesar de suas estatísticas não serem extraordinárias, o que é comum para um jogador de sua idade e posição, a influência do argentino vai muito além de números. Sua participação era fundamental na construção das jogadas mais perigosas e promissoras do Botafogo. Ele era o elemento diferencial, a peça capaz de desequilibrar e oferecer uma opção fora do convencional.
Montoro: a peça-chave faltante no ataque alvinegro
O jovem de 18 anos possui qualidades técnicas que o distinguem da maioria dos jogadores do elenco. Com uma capacidade de condução da bola em progressão, ele rompia linhas de marcação e avançava território, forçando a defesa rival a se reorganizar e, muitas vezes, cometendo faltas em áreas perigosas. Seus passes, executados com uma visão e um refinamento técnico acima da média para a sua experiência, eram cruciais para abrir espaços e encontrar os companheiros em posições de finalização.
Álvaro Montoro (Foto: Reprodução/Instagram/@alvaro_montoro10)
Essa combinação de drible e passe preciso é uma raridade e tinha o poder de colocar o Botafogo significativamente mais perto do gol contrário. Montoro funciona como um catalisador ofensivo, um elo que transforma a posse de bola em perigo real. Sem sua habilidade única para desbloquear defesas compactas, a equipe de Ancelotti perdeu sua principal ferramenta de criação, tornando-se excessivamente dependente de jogadas padrão e da individualidade de outros nomes, o que explica a atual seca ofensiva que preocupa a torcida botafoguense.