Elza Soares morreu nesta quinta-feira (20), aos 91 anos. A cantora que morreu de causas naturais, pressentiu sua morte minutos antes. Pedro Loureiro, empresário de Elza, relatou que: “Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou”.
Clipe de A Carne. (Vídeo: Reprodução/ Youtube)
Ícone da música brasileira, Elza foi eleita melhor cantora do milênio pela BBC de Londres em 2000 e, de lá pra cá, Elza Soares se reinventou e flertou com ritmos como rock, soul, hip hop e muitos outros. Como exemplo dessa reinvenção, em 2002 a cantora lançou o álbum “Do Cóccix até o Pescoço”, que tem em seu repertório um dos maiores sucessos da carreira de Elza: A Carne. Em 2019, no álbum “Planeta Fome”, Elza lançou a canção Não Tá Mais de Graça, fazendo alusão à música do álbum de 2002.
Elza Soares durante show. (Vídeo: Reprodução/ Youtube)
No auge dos seus 91 anos de idade, a Mulher do Fim do Mundo possuía mais de 726 mil ouvintes somente no Spotify e milhões de seguidores nas redes sociais. Sempre na luta contra o racismo, intolerância religiosa, violência contra as mulheres e demais minorias, Elza foi cirúrgica em seus últimos trabalhos.
Em “A Mulher do Fim do Mundo” (2015), a cantora canta Maria da Vila Matilde, que fala sobre a violência doméstica com versos como: “Cadê meu celular que vou ligar para o 180? Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. O álbum ganhou o Grammy Latino daquele ano. Em 2017, o álbum ganhou uma versão remix, incluindo a faixa-título A Mulher do Fim do Mundo, que ganhou a participação do grupo Mulú.
No ano seguinte, em 2018, foi lançado “Deus é Mulher”. No disco, Elza trata de temas como corrupção, amor próprio, feminismo e intolerância religiosa, como na canção Exú nas escolas.
Em 2019, Elza lança “Planeta Fome”. O álbum de forte crítica social rendeu à Elza um Grammy Latino de melhor álbum de música popular brasileira. O nome do projeto é originário de uma frase dita pela cantora em 1953. Após sua apresentação no programa de Ary Barroso, na Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro, Ary perguntou: “De que planeta você veio?”, Elza respondeu ao apresentador dizendo que veio do planeta fome.
Em Virei o Jogo, também do CD “Planeta Fome”, Elza cantou sobre sua vida em versos de fé e positividade:
“Se vem de não, eu vou de sim
Afirmação até o fim [...]
Fui forjada no não, virei o jogo
Sua destruição não me enfraquece
Cara feia pra mim me fortalece
Sua frieza é menor que o meu fogo”
Elza durante o carnaval de 2020. (Foto: Reprodução/ Instagram)
No carnaval de 2020, Elza Soares virou enredo do carnaval da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, escola do coração da cantora. Confira abaixo um verso do samba-enredo:
“Laroyê e Mojubá, liberdade!
Abre os caminhos para Elza passar, salve a Mocidade
Essa Nega tem poder, é luz que clareia
É samba que corre na veia”
Desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. (Vídeo: Reprodução/ Youtube)
Em entrevista para a revista Veja Rio em fevereiro de 2021, a cantora afirmou que não tinha idade: “Estou sempre no agora, My name is now”. Nos versos de A Mulher do Fim do Mundo, Elza cantou que era a mulher do fim do mundo e que iria cantar até o fim.
“[...] Até o fim eu vou cantar
Eu quero cantar, eu quero é cantar
Eu vou cantar até o fim [...]
Me deixem cantar, me deixem cantar até o fim”
Clipe da canção A Mulher do Fim do Mundo. (Vídeo: Reprodução/ Youtube)
Nos dias 17 e 18 de janeiro de 2022, Elza gravou um DVD e, por coincidência, essa foi a última canção entoada por Elza no DVD e, na tarde desta quinta-feira (20), a cortina do palco se fechou, as luzes se apagaram e Elza descansou.
Foto Destaque: Elza Soares duante a gravação do clipe de Comportamento Geral, do álbum "Planeta Fome", em 2019. Reprodução/ Instagram