Uma startup localizada no oeste de Singapura, país do sudoeste asiático, está construindo uma usina que objetiva produzir hidrogênio verde, combustível limpo, por meio da transformação de dióxido de carbono do ar e da água do mar, no mesmo material que forma as conchas. A usina, que tem a previsão de ser construída ainda neste ano, será a maior localizada no oceano com a finalidade de remover o dióxido de carbono. De acordo com a startup responsável pelo projeto, a Equatic, oriunda da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, a água oceânica será extraída e aplicada à uma corrente elétrica. Após reações químicas, o dióxido de carbono será armazenado como mineral, que poderá ser devolvidos ao mar.
A proposta pode ser uma alternativa importante para amenizar as consequências da crise climática global, que têm causado eventos devastadores ao meio ambiente. Cientistas afirmam que, a redução da utilização dos combustíveis fosseis deve ser adotada urgentemente. Além disso, para que haja a contenção do aquecimento global, a poluição de carbono na atmosfera deverá ser removida.
Pesquisadores de todo o mundo têm buscado alternativas através da exploração dos oceanos para a redução da poluição no planeta que promove o aquecimento global. Cerca de 30% da poluição foi absorvida por meio de medidas inovadoras, como a usina de Singapura. Contudo, a propostas de remoção de carbono não são unanimidade, uma vez que geram um alto custo e diversas controvérsias pelo envolver os oceanos.
Funcionamento da usina
A tecnologia já foi testada em projetos-piloto em Singapura e em Los Angeles e demanda os três principais itens: água do mar, rochas e eletricidade. A água será bombeada do mar, passará por uma corrente elétrica e irá separar os itens: dois líquidos (um ácido e um alcalino) e dois gases (hidrogênio e oxigênio). Após isso, a água ácida será misturada com rochas trituradas para que ocorra o equilíbrio para que haja o ajuste do pH e, posteriormente, haverá a devolução para o oceano.
Segundo Edward Sanders, diretor de operações da Equatic a usina estimada no valor de US$ 20 milhões estará em pleno funcionamento até o final deste ano. A instalação será capaz de remover aproximadamente 3.650 toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, o que equivale a 870 carros de passageiros médios das ruas. Os investimentos iniciais são altos, porém a empresa visa o lucro por meio da venda de créditos de carbono para poluidores compensarem suas emissões.
Representação da planta de remoção de dióxido de carbono da Equatic, atualmente em construção em Singapura (Foto: reprodução/CNN Brasil)
Impactos nos oceanos
A proposta não é uma unanimidade dentre os estudiosos e muitos afirmam que os riscos do projeto superam os possíveis benefícios. Para Lili Fuhr, diretora do programa de economia fóssil no Centro de Direito Ambiental Internacional, a tecnologia é especulativa e pode agravar a situação dos oceanos.
“Processar grandes volumes de água do mar pode matar a vida marinha. Já sabemos que usinas de energia matam larvas de peixes e outras formas de vida marinha”, destacou Fuhr. A pesquisadora ainda ressaltou que “a Equatic processaria muito mais água do mar por planta do que uma usina de energia. E milhares de tais plantas seriam necessárias para causar qualquer impacto significativo no clima global. ”
A proposta da Equatic traz à tona um amplo debate em torno da rápida ampliação da geoengenharia e aos possíveis impactos aos ecossistemas globais e aqueles que veem uma urgência para a criação de soluções tecnológicas para amenizar a crise climática.
Foto destaque: Usina de remoção de carbono da empresa Equatic (Reprodução/Equatic Tech)