O relatório da União Europeia destacou o X/Twitter como o maior propagador de desinformação, com 43% das postagens contendo algum tipo de informação falsa. Já o Facebook, é o segundo maior vetor, com 31%. A pesquisa faz parte de iniciativas da UE e de grandes empresas digitais para se adaptarem à Lei de Serviços Digitais (DSA), que responsabiliza plataformas digitais por conteúdos e prevê multas de até 6% de suas receitas.
Nos últimos dias, o Twitter removeu ferramenta para denúncia de fake news eleitorais, disponível em EUA, Austrália, Coreia do Sul, Brasil, Filipinas e Espanha.
Relatório da UE aponta o X/Twitter como maior fonte de desinformação
Segundo o relatório, o X/Twitter é o maior vetor de desinformação, comparado com outros sites como Facebook e Instagram: quase 43% das postagens no Twitter continham algum tipo de desinformação. O engajamento com conteúdo de desinformação na rede social também foi 1,977 vez maior do que com conteúdo informativo.
Segundo relatório da UE, X/Twitter e Facebook lideram desinformação, com cerca de 43% e 31% em conteúdos falsos. (Foto: Reprodução/disinfocode.eu)
O Facebook mostrou-se o segundo maior vetor de desinformação, com cerca de 31% das postagens contendo algum tipo de informação falsa.
X/Twitter e Facebook também lideram em percentual de atores de desinformação. (Foto: Reprodução/disinfocode.eu)
O relatório revela que as plataformas com mais desinformação também tiveram o maior número de contas postando desinformação ativamente: X/Twitter e Facebook lideraram com 8-9% de atores de desinformação, enquanto o YouTube teve apenas 0,8%.
Estudo mensurou desinformação em milhares de postagens e contas de três países europeus, Polônia, Eslováquia e Espanha. (Foto: Reprodução/disinfocode.eu)
Estudo no qual o relatório se baseia foi conduzido pela TrustLab, e analisou 6.155 postagens e 4.460 contas durante 6 semanas, em seis plataformas – Facebook, Instagram, Linkedin, TikTok, YouTube e Twitter (X). Postagens e contas analisadas são de três países, Polônia, Eslováquia e Espanha.
Nova lei europeia visa responsabilizar plataformas digitais
O relatório do Código de Práticas sobre Desinformação lançado na última sexta-feita (22) faz parte das medidas da Lei de Serviços Digitais (DSA), aprovada pela União Europeia em 16 de novembro de 2022. A nova legislação visa tornar as empresas digitais responsáveis por conteúdos postados em suas plataformas.
Entre outras medidas, a DSA exige que plataformas digitais removam conteúdo ilegal de forma mais rápida e eficaz, e intensifiquem o combate à desinformação e ao discurso de ódio. A lei também cria regras especiais para redes sociais com mais de 45 milhões de usuários ativos na UE (VLOPs) — entre elas as redes sociais como X/Twitter, Facebook, Linkedin, Snapchat, Instagram, Pinterest e Tiktok.
Em 25 de agosto, terminou o prazo para as VLOPs cumprirem as regras da DSA; o não cumprimento das regras pode acarretar multas de até 6% do faturamento global das plataformas.
Segundo comunicado de ontem (27) da Comissão Europeia, gigantes da tecnologia estão agindo para se adequarem à nova legislação: Google teria impedido mais de € 31 milhões em publicidade para atores de desinformação, TikTok teria removido 140.635 vídeos por violação da política de desinformação e a Microsoft teria bloqueado mais de 6,7 milhões de contas falsas no LinkedIn. O código já tem 44 plataformas signatárias.
UE alerta Musk sobre conformidade à legislação e indica risco em eleições
Em maio, o X/Twitter se retirou do código voluntário da União Europeia para combater a desinformação. Thierry Breton, Comissário Europeu para o Mercado Interno, fez o anúncio na rede social e avisou que as novas leis não deixariam de valer para a empresa.
Comissário da UE afirmou em maio que o X/Twitter deixar o Código de Práticas não o isentaria das obrigações legais. (Foto: Reprodução/X)
“Uma das minhas principais mensagens para os signatários é que estejam cientes do contexto. A guerra da Rússia contra a Ucrânia e as eleições na UE no próximo ano são particularmente relevantes, pois o risco de desinformação é sério”, afirmou na última terça-feira (26) a vice-presidente da Comissão Europeia Vera Jourova, em comunicado à imprensa.
Vera Jourova, vice-presidente da Comissão Europeia, falou em guerra contra a desinformação e alertou Musk. (Foto: Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Medium/@WB1)
Jourova disse a repórteres na terça (26) que a empresa estará sob vigilância; “o Sr. Musk sabe que não está isento por deixar o Código de Práticas”. Eleições parlamentares acontecerão nas próximas semanas em países europeus — sábado (30) na Eslováquia e dia 15 de outubro na Polônia.
X desativa ferramenta de denúncia de fake news eleitorais
Também na terça-feira (26), a ONG Reset Australia informou que o X havia removido a funcionalidade para denúncias eleitorais da plataforma, às vésperas de um referendo por uma voz indígena no parlamento australiano. A organização expressou preocupação com a integridade da consulta popular com a remoção da ferramenta. A funcionalidade estava disponível desde agosto de 2021 em países como EUA, Austrália e Coreia do Sul e foi expandida para Brasil, Filipinas e Espanha no início de 2022.
Funcionalidade para denunciar desinformação eleitoral estava disponível no Brasil desde 2022 e foi removida do X. (Foto: Reprodução/x.com)
Ontem (27), Musk confirmou o corte da equipe de integridade eleitoral do X em um tweet.
Musk confirmou ter demitido equipe do X/Twitter responsável pela manutenção da integridade de processos eleitorais. (Foto: Reprodução/mediapost.com)
Na semana passada, segundo o The Guardian, a Comissão Eleitoral Australiana (AEC) também enfrentou dificuldades para que o X removesse postagens incitando violência e espalhando desinformação. Documentos mostram que o Twitter demorou para agir e frequentemente se recusou a remover postagens relatadas pela AEC.
Foto destaque: X/Twitter é maior fonte de desinformação, segundo relatório da UE. AP Photo/Mary Altaffer.