Tim Peake, ex-astronauta britânico pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), apoiou durante entrevista a proposta da construção de fazendas de energia solar no espaço, afirmando que a ideia está se tornando “cada vez mais viável”.
Viabilidade de fazendas solares no Espaço
De acordo com Peake, o custo mínimo para lançar objetos pesados no espaço está diminuindo junto dos avanços na tecnologia e, portanto, enviar estruturas complexas (como painéis solares feitos para operar em órbita) pode se tornar algo mais viável em um futuro próximo, tendo o potencial de fornecer uma quantidade significativa de energia para a humanidade. “O que importa são os números frios e crus, no fim das contas. Lançar toneladas de equipamento para a órbita da Terra está, de fato, tornando-se uma perspectiva viável”, disse durante uma entrevista ao The Guardian.
A ESA já está fomentando a ideia de desenvolver fazendas de energia solar no espaço há algum tempo, tendo encomendado dois estudos conceituais ainda este ano, para verificar a viabilidade do processo. Se tudo der certo, uma proposta viável para o mercado deve ser apresentada à União Europeia até 2025.
E pelos cálculos da agência, essas fazendas solares podem se tornar viáveis a longo prazo desde que o custo de lançamento não exceda a margem de US$ 1.000 (R$ 4.852 em conversão) por quilo.
Auxílio da SpaceX nessa empreitada
“Os custos atuais estão na casa dos $2.700 por quilo”, disse durante uma conferência de tecnologia que ocorreu na semana passada. Mas nem tudo está perdido, pois os foguetes fabricados pela SpaceX, que já é conhecida por ter contratos firmados com a NASA e outras agências espaciais para auxiliar no lançamento de equipamentos e astronautas ao espaço, pode diminuir esse número para US$ 1.500 por quilo, com a possibilidade de cair para até mesmo US$ 300 por quilo com a ajuda da Starship, o novo foguete da empresa comandada por Elon Musk.
E embora a Starship ainda esteja em processo de construção, com um primeiro voo de testes tendo resultado em um fracasso explosivo em Abril deste ano, o futuro parece promissor. A Falcon Heavy, também da SpaceX, já está em operação e sendo usada em operações conjuntas com agências espaciais governamentais. Os modelos de foguete desenvolvidos pela empresa de Musk, ao contrário dos tradicionais, são projetados para serem reutilizados após voltarem para a Terra, reduzindo significativamente os custos de produção.
Starship, foguete da SpaceX, preparando-se para lançamento de teste (Foto: Divulgação/SpaceX).
A criação de fazendas de energia solar no espaço resolveria o maior problema dessa energia sustentável: o fato de que, durante a noite, a captação de energia por meio de painéis solares é significativamente menor, basicamente inexistente. No espaço, esses painéis seriam capazes de coletar a energia vinda do sol indefinidamente.
“Se construíssemos fazendas de energia solar no espaço, então seria possível transmitir a energia coletada de volta para a Terra através de feixes direcionados a estações terrestres com o uso das micro-ondas. Isso significa que teríamos, basicamente, energia limpa e infinita vinda do espaço”, disse Peake.
Foi anunciado ainda este ano que universidades do Reino Unido, bem como empresas privadas de tecnologia, receberão cerca de 4.3 milhões de euros para o desenvolvimento de energia solar baseada no espaço.
Foto destaque: Ilustração em 3D de como os painéis solares poderiam funcionar em órbita da Terra, coletando energia do Sol (Foto: Divulgação/ESA).