Os astrônomos liderados pela Dra. Manisha Caleb, da Universidade de Sydney, e pelo Dr. Emil Lenc, da Agência Científica Nacional da Austrália (CSIRO), detectaram uma estrela de nêutrons, a mais lenta das 3.000 catalogadas até o momento. A pesquisa contou com o apoio da Universidade Manchester e Oxford, da Inglaterra. A nova descoberta, publicada nesta quarta-feira (05), foi considerada inesperada pelos pesquisadores.
O que é uma estrela de nêutrons?
Estrela de nêutrons é o nome dado para o que permanece no local onde a estrela estava após o fim da sua vida. É completamente normal que, após bilhões de anos, uma estrela “morra”. Isso ocorre porque até as moléculas que a formam, no caso do nosso Sol, hidrogênio e hélio, uma hora acabam.
Estrelas são formadas e geram energia através da fusão nuclear, que acontece unindo duas moléculas distintas. O resultado disso é a energia e a radiação que sentimos mesmo a milhões de quilômetros de distância da nossa estrela.
Quando ocorre a falta desses elementos, a massa e integridade das estrelas fica instável e ela começa a passar por diversos processos até explodir como uma supernova, uma estrela com trilhões de nêutrons que mantém a massa original do astro em um raio de 10 quilômetros. Por causa dessa alta densidade das supernovas, quando estrelas com massa de milhões de vezes a do Sol “morrem”, elas se tornam buracos negros supermassivos.
Esses corpos celestes acabam rotacionando em uma velocidade muito alta, levando segundos para dar a volta no seu próprio eixo. Porém, a estrela de nêutrons encontrada pelos astrônomos parece levar 54 minutos para fazer o movimento, sendo assim classificada como a mais lenta já encontrada.
Comparação entre a maior estrela de nêutrons encontrada e a superfície terrestre. Estudos apontam que a maior estrela como essa já encontrada tinha largura de 22 quilômetros (Foto: Reprodução/Centro de Voo Espacial Goddard da NASA)
Descoberta inesperada
A pesquisa realizada por equipes de vários países é importante para ampliar o entendimento e a crença dos cientistas sobre as estrelas de nêutrons e anãs brancas. Utilizando dois radiotelescópios distintos, foram detectados três tipos de ondas de rádio distintas vindo do mesmo ponto no céu. Mesmo com as pesquisas, ainda há a possibilidade do corpo celeste ser uma anã branca, uma forma semelhante à de estrela de nêutrons, mas com uma massa menor.
Os resultados publicados na Nature Astronomy impressionaram a equipe, segundo Manisha Calab, os astrônomos mal acreditavam que ondas eram do mesmo corpo celeste, mas que com o apoio do radiotelescópio da África do Sul, foi possível fazer as distinções entre os estados da onda da estrela de nêutrons.
Já Ben Stappers, professor de astrofísica da Universidade de Manchester, se mostrou bem animado com as descobertas e afirmou que ela muda a maneira com que os pesquisadores vão encarar as análises de novas supernovas encontradas pelo universo de forma diferente, além de utilizar outros equipamentos que podem auxiliar na captação de sinais. Ele ainda completa que as novas descobertas sobre estrelas de nêutrons podem “desafiar a compreensão da humanidade” nos eventos que ocorrem ao fim da vida de uma estrela.
Foto Destaque: estrela de nêutrons sendo forma a partir de uma supernova (Reprodução/Conhecimento Cientifico)