Perdas e luto é algo que nós todos passamos pela vida. Imagine, não precisar de despedir dos seus entes queridos, podendo recriá-los virtualmente para poder conversar e saber como eles estão.
Em 2020, Kim Kardashian completou 40 anos e recebeu um holograma de seu falecido pai, Robert Kardashian; o presente foi concedido por Kanye West, seu marido na época. Kardashian teve uma reação incrédula, porém, alegre, com a aparição virtual de seu pai na sua festa de aniversário. A possibilidade de rever um familiar falecido há muito tempo, no qual se sente uma saudade enorme, se movimentando e conversando novamente pode ser algo consolador.
Ressuscitar um familiar, mesmo que seja virtualmente, pode ser algo milagroso e de certo espantoso, porém, qual é o impacto disso na nossa saúde? Os fantasmas digitais criado por inteligência artificial são um auxílio ou empecilho no processo de luto?
Os psicoterapeutas que pesquisam sobre a maneira que as tecnologias de IA possam, de certa forma, melhorar as intervenções, estão surpresos com o advento dos robôs fantasmas. Eles estão preocupados com os possíveis efeitos que essa tecnologia possa ocasionar na saúde mental de quem utiliza, especificamente de quem está de luto. Pessoas falecidas serem ressuscitadas como avatares, tem potencial de causar mais danos que o bem, causando ainda mais depressão, estresse, paranoia e por ventura, até uma psicose.
A evolução recente na criação da inteligência artificial levarão a elaboração do ChatGPT e de outros chatbots que possibilitam aos usuários conversadas sofisticadas artificialmente, bem parecidas com um dialógo com o ser humano.
Colocando em operação o uso da tecnologia deep fake o software de IA consegue criar uma representação virtual interativa, com o conteúdo digital, usando, por exemplo, vídeos, fotografias e até mesmo e-mails.
O que em um passado não tão distante, era algo que só podia ser criado em uma fantasia imaginária de ficção científica, nos dias atuais isso se tornou realidade.
Imagens simulando o humano com um robô fantasma (Foto: reprodução/Mikkel William/Getty Images Embed)
Auxílio ou empecilho para as pessoas
O que pode ser um consolo para quem está de luto, auxiliando a reconectar a ligação entre os familiares que faleceram, pode ser uma das bem feitorias da criação de um fantasma digital. Isso pode proporcionar ao usuário a oportunidade de falar algumas coisas ou de perguntar determinadas coisas que em vida nunca teve oportunidade de realizar enquanto as pessoas falecidas estavam em vida.
A estranha semelhança de um ghostbots um ente querido que se foi, pode não ser tão favorável como parece ser. Estudos informam que esses fantasmas digitais devem ser utilizado apenas como um auxílio temporário no momento de luto, fazendo que seja evitada uma dependência emocional que pode ser elevadamente prejudicial.
Sendo assim, os fantasmas de IA são potencialmente para a saúde mental das pessoas no momento que tem o processo de luto interferido por esse tipo de tecnologia.
O luto tem diversas fases e leva tempo e podem se prolongar ao decorrer de muito anos. Quando as pessoas estão de luto por algo recente, neste momento elas podem pensar assiduamente no ente querido que se foi. É muito comum, que uma pessoa enlutada venha ter sonhos frequente com a pessoas que o deixou recentemente.
Sigmund Freud, psicanalista austríaco, preocupou-se com a maneira que os humanos reagem no momento da perda. Ele chamou a atenção para as potenciais barreiras que alguém de luto possa enfrentar se houver uma negativo em relação a morte.
Sobre sentimentos
Por exemplo, se uma pessoa tinha sentimentos contraditórios em relação a alguém e essa pessoa faleceu, pode acontecer a criação de um sentimento de culpa. Ou, se uma pessoa morreu em por razões cruéis como um assassinato, a pessoa em luto para aceitar esse fato terá mais uma dificuldade maior para aceitar o fato.
Freud se referiu a este tipo de fenômeno como melancolia, porém pode ser chamado de luto complicado. Em determinados casos extremos, uma pessoa pode ter aluninações em que visualiza a pessoa falecida e começa a crer que ela está viva. Os robôs-fantasma de IA, desta maneira, pode ocasionar traumas ainda mais irreversíveis para uma pessoas que tem está vivendo um luto complica
Freud referiu-se a este fenômeno como “melancolia”, mas também pode ser referido como "luto complexo". Em alguns casos extremos, uma pessoa pode ter alucinações, em que vê a pessoa morta e começa a acreditar que ela está viva. Os robôs-fantasma de IA, então, podem traumatizar ainda mais uma pessoa que esteja vivendo um luto complicado, e intensificar os problemas associados, como as alucinações, por exemplo.
O método mais saudável é esquecer
A mais recente tecnologia diz muito sobre cultura digital de possibilidade infinitas e sem limites nos dias atuais.
Na nuvem pode armazenado indefinidamente, podendo ser recuperado, nada é de fato excluído ou destruído. O esquecimento é um importante elemento do luto saudável, mas, para esquecer, o ser humano precisa encontrar novas e maneiras significativas de recordar da pessoa que se foi. Festas de aniversário tem um papel fundamente para auxiliaras pessoas que estão de luto, não apenas por terem lembranças de pessoas próximas que se foram, porém, são oportunidade de representar a perda de novas maneiras. Símbolos e rituias podem marcar o término de algo e permitir que as pessoas se lembre de maneira adequada, para esquecer adequadamente.
Foto Destaque: pessoa digital (reprodução/Stanislaw Pytel/Getty Images Embed)