O governo britânico solicitou à Apple dados criptografados armazenados na nuvem de usuários em todo mundo, segundo informações da BBC divulgadas na última quinta-feira (6). O jornal americano The Washington Post foi o primeiro veículo a revelar o fato. Em janeiro deste ano, o Ministério do Interior do Reino Unido enviou à Apple, um “aviso de capacidade técnica” confidencial, solicitando a permissão da empresa, baseado na lei britânica de “Poderes de Investigação”.
Em vigor desde 2016, a lei autoriza que autoridades exijam a colaboração de empresas para coletas de dados e provas em casos de investigações criminais. De acordo com as regras atuais, somente os titulares das contas Apple podem acessar dados armazenados. O serviço de Proteção Avançada de Dados (ADP, em inglês) estabelece a privacidade dos usuários. Contudo, muitas pessoas não ativam essa funcionalidade, o que pode ocasionar na perda do acesso à conta impedindo a recuperação dos dados.
Governo nega vigilância em massa
Segundo a BBC, o governo britânico destacou que visa acessar informações de suspeitos quando houver riscos para a segurança nacional e negou o intuito de estabelecer uma ampla vigilância da população. O Ministério do Interior informou que não prestaria maiores detalhes acerca de “questões operacionais, o que inclui, por exemplo, confirmar ou negar a existência de tais avisos”, informou à BBC.
A Apple ainda não prestou pronunciamento oficial acerca da situação. Anteriormente, a empresa informou que, diante de tais exigências, a solução seria deixar de disponibilizar no país o serviço de criptografia.
Loja da Apple em Londres, Reino Unido (Foto:reprodução/ Jason Alden/Bloomberg/Getty Images Embed)
Assunto não é consenso
A exigência do governo britânico tem gerado amplo debate acerca da privacidade e segurança dos usuários. Para organizações como a NSPCC, responsável pela proteção dos direitos das crianças, a criptografia pode facilitar o ocultamento de casos de abusos infantis e demais delitos dos criminosos.
Em contrapartida, outras entidades, a exemplo da Privacy International, acreditam que a permissão de acessos aos dados por parte do Estado representa um ataque à privacidade individual dos usuários.
Foto destaque: Logo da Apple (Reprodução/Pascal Deloche/Getty Images Embed)