O portfólio da fabricante de chips gráficos norte-americana, Nvidia, mais uma vez está em processo de expansão por conta do desenvolvimento da inteligência artificial generativa. Através de uma aplicação pioneira da nova tecnologia, a fabricante criou um modelo de linguagem capaz de analisar os dados do vírus SARS-CoV-2 responsável pela Covid-19 e, a partir disso, prever possíveis mutações.
Desenvolvimento do GenSLMs
O novo modelo de linguagem (LLM), chamado GenSLMs, foi criado em um esforço conjunto da fabricante de chips com a Universidade de Chicago e o Argonne National Laboratory. Como toda tecnologia de GenAI, o novo modelo foi treinado através de informações relevantes para seu funcionamento — nesse caso, os dados genômicos do SARS-Cov-2. Mais especificamente, cerca de 110 milhões de genomas foram utilizados durante o período de treinamento, permitindo que o GenSLMs consiga distinguir, classificar e agrupar as sequências de DNA relevantes.
Através de sua impressionante capacidade para distinguir essas sequências de nucleotídeos que formam a base do DNA e do RNA, o GenSLMs possui um profundo entendimento da relação entre o vírus e suas variações, permitindo que ele preveja futuras derivações do SARS-Cov-2.
O modelo em 3D das cepas derivadas pelo GenSLMs, com base nas informações genômicas de variações antigas do SARS-Cov-2 (Foto: reprodução/Nvidia/Argonne)
Segundo as informações concedidas em um comunicado oficial da Nvidia, o treinamento parece ter surtido o efeito desejado. Mesmo tendo sido alimentado apenas com as informações do vírus original e de suas respectivas variações Alpha e Beta, o GenSLMs conseguiu analisar e deduzir a existência de outras mutações genéticas presentes em cepas atuais do Covid-19.
E conforme escreveu Arvind Ramanathan, o Pesquisador-Chefe do projeto e afiliado à Argonne, esse é um resultado que “valida de maneira convincente as capacidades do novo modelo de linguagem”.
Impacto das IAs no campo da Genética
O sucesso do novo modelo de linguagem focado na análise e prevenção do Covid-19 não está sozinho na medicina, compartilhando os holofotes com outras LLMs como a Ankh e o CancerGPT. Em uma era tecnológica de constante desenvolvimento, a presença da IA generativa está começando a alavancar de maneira significativa o progresso da pesquisa genética moderna.
O maior diferencial dessa tecnologia é a capacidade de analisar e aprender a partir de um conjunto de dados específicos para poder prever e gerar, de maneira consistente, novos dados que são relevantes aos pesquisadores. No campo da genética, por exemplo, isso significa ser capaz de trabalhar com sequências genômicas complexas.
A GenAI chamada Ankh, por exemplo, foi desenvolvida em um esforço colaborativo entre as Universidades de Munique e Columbia para analisar a profunda linguagem das proteínas. Enquanto isso, o CancerGPT foi criado para prever os resultados advindos do tratamento de câncer à base de medicamentos pelas Universidades do Texas e Massachusetts.
Independentemente de seus respectivos focos, a utilização da tecnologia de IA generativa nesses estudos sinaliza uma importante quebra de paradigma no processamento e derivação de informações.
Foto destaque: Sede da Nvidia em Santa Clara, no Vale do Silício, Califórnia. (Reprodução/Bloomberg/Philip Pacheco).