Novas pesquisas da Royal Astronomical Society detectaram a presença de amônia na atmosfera de Vênus, gás que pode apontar para uma possível forma de vida no planeta. Os dados foram coletados pelo telescópio James Clerk Maxwell no Havaí e foram divulgados na Inglaterra dia 17 deste mês.
Novos dados alavancam as pesquisas
Vênus é o segundo planeta do sistema solar e, assim como a Terra, é um planeta rochoso, caracterizado por possuir uma atmosfera.
Há quatro anos, a mesma equipe havia encontrado fosfina em Vênus, gás que pode ser produzido por bactérias. Agora equipe confirmou, em nova pesquisa, a presença do gás, e ainda foi capaz de encontrar outro elemento: a amônia.
“Por todas as expectativas normais, eles não deveriam estar lá”, disse Clements, professor de astrofísica na Imperial College London.
“Fosfina e amônia foram sugeridas como biomarcadores, inclusive em exoplanetas. Então, encontrá-los na atmosfera de Vênus é interessante também por esse motivo. Quando publicamos as descobertas de fosfina em 2020, compreensivelmente, foi uma surpresa.”
A pesquisa foi beneficiada por investimentos em tecnologia, principalmente no Telescópio James Clerk Maxwell no Havaí, que ajudou a equipe a coletar os dados.
Os pesquisadores ainda não sabem qual o papel da fosfina no ecossistema de Vênus, mas acreditam que a amônia pode servir como um regulador de acidez: “O aspecto empolgante disso seria se fosse algum tipo de vida microbiana produzindo a amônia, porque seria uma maneira inteligente de regular seu próprio ambiente”, disse Greaves nas palestras da Royal Astronomical Society. “Isso tornaria seu ambiente muito menos ácido e muito mais habitável, ao ponto de ser apenas tão ácido quanto alguns dos lugares mais extremos na Terra.
Os dados coletados até o momento não são provas suficientes de que há ou houve vida em Vênus, mas dão início a novas projeções e pesquisas.
Vênus perto do Sol (Foto: reprodução/Nasa/Handout/Gatty images embed)
Expectativa para as próximas pesquisas
Martin-Torres, professor de ciências planetárias na Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, afirma que “A descoberta de amônia, que poderia neutralizar as nuvens de ácido sulfúrico, e fosfina, uma possível bioassinatura, desafia nosso entendimento e sugere que processos químicos mais complexos podem estar em jogo. É crucial que abordamos essas descobertas com uma investigação científica cuidadosa e minuciosa.”
Em abril deste ano foi realizado um experimento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), posteriormente publicado pela Astrobiology, que indicou a existência de aminoácidos que poderiam sobreviver na atmosfera de Vênus.
No início de 2025, teremos uma missão que enviará uma sonda para analisar compostos orgânicos em Vênus. A missão será coordenada pelo MIT e pela Rocket Lab.
A futura exploração se torna ainda mais empolgante após as descobertas recentes.
Foto destaque: planeta Vênus (reprodução/iStock/3quarks/Super Interessante)