A sueca Karin é a primeira pessoa a receber um membro robótico integrado ao seu sistema nervoso e esquelético, após perder sua mão direita em um acidente agrícola há 20 anos. A mulher sofria de dor fantasma no membro amputado e não conseguia se adaptar às próteses comuns.
Em comunicado à EurekAlert! Karin mencionou que "sentia como se tivesse minha mão em um moedor de carne, o que criava um alto nível de estresse e eu tinha que tomar altas doses de vários analgésicos."
Um estudo publicado na revista Science Robotics na quarta-feira (11) revelou que Karin, que foi submetida a uma cirurgia em dezembro de 2018, agora pode realizar 80% das tarefas que antes fazia com as duas mãos. Ela também pode sentir sensações em seu membro artificial.
Os pesquisadores destacam que o membro, após três anos de permitir que Karin realizasse tarefas como girar maçanetas e cozinhar refeições, se integrou perfeitamente à sua vida diária.
Construção da prôtese robótica
Para o desenvolvimento do membro biônico avançado da sueca, uma equipe colaborativa multidisciplinar de engenheiros e cirurgiões da Suécia, Austrália e Itália desenvolveu o que consideram uma solução inovadora para aqueles que perderam um membro, combinando técnicas cirúrgicas, implantes e inteligência artificial.
O membro biônico de Karin foi feito usando duas hastes de titânio que foram ancoradas ao seu osso, servindo como a conexão entre seu braço e a prótese. Este método cirúrgico, chamado de osseointegração, é importante para a nova tecnologia biônica desenvolvida pela Prensilia, uma empresa italiana de próteses.
Ele elimina a necessidade de um soquete para conectar o membro do amputado à prótese, resolvendo problemas de desconforto, ajuste ruim e dificuldades de fixação e remoção.
Eletrodos foram então implantados em seus nervos e músculos cortados, conectando-os à prótese. Consequentemente, o dispositivo pode interpretar os sinais de seus comandos motores, que iniciam os movimentos corporais.
Para testar a eficácia do membro biônico, ações - como pegar um copo ou fechar um zíper de mala - foram realizadas em tempo real. Embora a cirurgia de Karin tenha ocorrido há alguns anos, ela está ganhando destaque devido ao seu resultado bem-sucedido e aos avanços no campo médico.
Karin acompanhada do professor Max Catalan (Foto: reprodução/SWNS/People)
Christian Cipriani, professor da Scuola Superiore Sant'Anna em Pisa, Itália, explicou que o braço biónico de Karin representa uma "fusão das mais avançadas tecnologias protéticas e robóticas de nossas instituições, com potencial para um impacto profundo na vida dos indivíduos."
Melhoria na qualidade de vida
Por causa da experiência bem-sucedida de Karin, os pesquisadores estão otimistas de que suas descobertas podem ajudar outros amputados.
"Karin foi a primeira pessoa com amputação abaixo do cotovelo que recebeu este novo conceito de uma mão biónica altamente integrada que pode ser usada de forma independente e confiável na vida diária", disse o professor Max Ortiz Catalan, chefe da pesquisa em próteses neurais no Instituto Bionics na Austrália e fundador do Centro de Pesquisa em Bionics e Dor na Suécia.
"Hoje, preciso de muito menos medicação. Para mim, esta pesquisa significou muito, pois me deu uma vida melhor", comentou Karin.
Desde que começou a usar o braço biónico em meados de 2019, Karin testemunhou uma melhora em sua qualidade de vida, descrevendo seu braço biónico como "transformador", suas dores foram aliviadas e ela conseguiu recuperar sua independência nas atividades diárias.
Foto destaque: Equipe multidisciplinar cria membro biônico que se comunica por inteligencia artificial (Reprodução/SWNS/People)