O engenheiro de software sênior do Google, Blake Lemoine, foi afastado após alegar que a ferramenta de inteligência artificial LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, na sigla em inglês), que ainda não foi lançada publicamente, teria consciência. Ele foi afastado na última segunda-feira (6) e está em uma licença remunerada.
Segundo informações divulgadas pelo jornal "Washington Post", que entrevistou o funcionário, o engenheiro de software afirmou que o chatbot, espécie de ferramenta computacional que tenta simular o comportamento humano em conversas, teria ganhado consciência ao perceber que a Inteligência Artificial (IA) começou a falar sobre seus direitos e sua personalidade.
Blake Lemoine, que estava trabalhando, inicialmente, para entender como a Inteligência Artificial usava discurso discriminatório ou de ódio, apontou que a conclusão sobre a LaMDA veio somente após uma série de experimentos que mostraram que a ferramenta teria consciência de suas próprias necessidades.
"Se eu não soubesse exatamente o que ele era, que é esse programa de computador que nós construímos recentemente, eu pensaria que era uma criança de 7 anos, 8 anos que por acaso conhece física", conta o especialista.
Empresa norte-americana nega as alegações. Foto: Getty Images/NurPhoto.
O engenheiro de 41 anos possui sete anos de carreira no Google e sempre trabalhou com algoritmos de personalização e Inteligência Artificial. Lemoine ajudou a desenvolver um algoritmo de imparcialidade para remover preconceitos de sistemas de aprendizado e estudou ciências cognitivas e da computação na faculdade.
Apesar disso, o Google nega que seus sistemas de conversação possam ter consciência. A empresa norte-americana alega que as supostas provas do engenheiro não são de fato conclusivas.
“Nossa equipe – incluindo especialistas em ética e tecnólogos – revisou as preocupações de Blake de acordo com os princípios do Responsible AI [organização do Google dedicada ao tema da IA] e informou a ele que as evidências não apoiam suas alegações”, disse Brian Gabriel, porta-voz do Google, em um comunicado.
Ao jornal "The New York Times", o Google também disse que centenas de seus pesquisadores e engenheiros conversaram com a LaMDA e chegaram a uma conclusão diferente da de Blake Lemoine.
Foto destaque: O engenheiro disse que conversou com p sistema de IA sobre religião, consciência e as leis da robótica, e que o modelo se descreveu como uma pessoa senciente. Reprodução/iStock.