Em entrevista publicada na revista Forbes nessa segunda (23), Marcos Oliveira, gerente da Palo Alto no Brasil, destaca o cenário preocupante da cibersegurança no Brasil, que inclui a falta de investimento e o aumento nos ataques com o uso de Inteligência Artificial. O país lidera o ranking de ataques cibernéticos na América Latina e no Caribe, enquanto o projeto para consolidar a Política Nacional de Cibersegurança não sai do papel.
Aumento de 51% em ataques de ransomware e sofisticação com Inteligência Artificial
Marcos abordou o cenário alarmante de cibersegurança no Brasil, que registrou um aumento de 51% nos ataques de ransomware ao longo de um ano. O gerente da Palo Alto, uma das líderes globais em cibersegurança, chama a atenção para a insuficiência de investimento no setor. Apenas 37,5% das empresas brasileiras dão prioridade à cibersegurança, segundo pesquisa da consultoria IDC publicada no mês passado.
"O Brasil está 'pagando o preço' por ser avançado em computação em nuvem e na adoção de novas tecnologias, o que nos torna mais vulneráveis a riscos", destaca ele. Os cibercriminosos estariam usando Inteligência Artificial para tornar seus ataques mais eficazes.
Segundo Oliveira, as empresas brasileiras poderiam empregar ferramentas de Inteligência Artificial para "detectar anomalias de segurança e remediar esses incidentes antes que os usuários os identifiquem". Ele também salienta a escassez de mão de obra qualificada em cibersegurança nas empresas.
Avanço lento do Brasil na definição de uma política nacional de cibersegurança
A Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) visa estabelecer uma estratégia consolidada de cibersegurança no Brasil, considerando a crescente ameaça de ataques cibernéticos. No primeiro semestre de 2023, o Brasil contabilizou 23 bilhões de ataques cibernéticos, sendo responsável por mais de 36% dos incidentes na América Latina e no Caribe.
Brasil foi o país com mais ciberataques no primeiro semestre deste ano na América Latina e Caribe, segundo relatório da Fortinet. (Foto: Reprodução/Linkedin/fortinet)
A proposta da PNCiber foi inicialmente concebida em 2016, e um rascunho do projeto de lei foi divulgado em 18 de maio de 2023. Este esboço sugere a criação de três estruturas principais: a Agência Nacional de Cibersegurança (ANCiber), o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber) e o Gabinete de Gestão de Crises Cibernéticas (GGCiber).
Uma audiência pública para discutir a proposta da PNCiber ocorreu em 15 de junho. Em 26 de setembro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marcos Antônio Amaro dos Santos, afirmou que a PNCiber seria definida por decreto e a ANCiber criada por um projeto de lei enviado ao Congresso até o final deste mês.
Foto destaque: gerente da Palo Alto Networks no Brasil, Marcos Oliveira afirmou que houve aumento de 51% no ataques de ransomware no país (Foto: Reprodução/Pinterest/TechRadar)