Um grupo de cientistas do Instituto de Ciências Planetárias dos Estados Unidos, publicaram na sexta-feira (17) no Journal of Planetary Science, um estudo que indica a existência de geleiras de sal em Mercúrio, um espaço variável com possibilidades de possuir condições de vida encontradas em locais extremos como em nosso planeta, no deserto do Atacama no Chile.
Objetivo do estudo
O principal autor da pesquisa, Alexis Rodriguez, comentou que a descoberta feita pela equipe agrega em outras análises recentes que têm apontado a presença de glaciares em Plutão, indicando que o fenômeno de glaciação pode estar presente tanto nos lugares mais quentes quanto nos mais frios dentro do nosso Sistema Solar.
Esse estudo contesta a ideia de que Mercúrio é isento de voláteis, elementos químicos e compostos que podem ser facilmente vaporizados e que foram essenciais para o surgimento da vida na Terra. A pesquisa indicam que esses voláteis têm possibilidade de estarem abaixo da superfície do planeta em camadas ricas de voláteis ou “Volatile Rich Layers” (VRLs).
Vista do território do polo norte de Mercúrio onde foram identificadas evidências de possíveis geleiras (Foto: reprodução/NASA)
Ideias e aprendizados da pesquisa
O cientista e coautor da pesquisa, Bryan Travis, comentou que acredita que "Essas geleiras mercurianas, distintas das da Terra, originam-se de VRLs profundamente enterrados, expostos a impactos de asteróides" e que "Os nossos modelos afirmam fortemente que o fluxo de sal provavelmente produziu estes glaciares e que, após a sua colocação, retiveram substâncias voláteis durante mais de mil milhões de anos."
Outro cientista e coautor do estudo, Jeffrey S. Kargel, informou que a água liberada pelo vulcanismo pode ter gerado poças ou mares rasos de água líquida temporárias, possibilitando que depósitos de sal se depositassem ali.
Kargel também contou que a rápida perda de água para o espaço e a captura de água em minerais hidratados na crosta teriam deixado para trás uma camada dominada por sal e minerais argilosos e que ambos provavelmente se acumularam gradualmente em depósitos espessos.
Foto destaque: Mercúrio em cores (Reprodução/Divulgação/NASA)