Nesta semana, o Google recebeu uma multa de €250 milhões (R$1,36 bilhão) vinda do órgão antitruste francês após notar o uso de notícias de jornais para o treinamento do chatbot de IA Bard, agora chamado de Gemini. A infração configura o descomprimento de um acordo feito entre a empresa americana e o governo francês em 2022, com relação aos direitos conexos; além disso, o órgão francês afirma que a companhia não “agiu de boa-fé” nas negociações com as editoras para poder se utilizar do conteúdo produzido pela imprensa francesa. Essa não é a primeira vez em que o Google é multado na França, outras irregularidades já haviam sido cometidas pela empresa americana no passado, resultando em uma multa de €500 milhões.
Fachada do edifício principal do Google (Foto: reprodução/ Getty Images Embed)
A resposta do Google
No blog oficial do Google, foi publicada uma resposta com relação à ação do Estado francês. De acordo com a empresa, o governo francês: “não leva suficientemente em conta os esforços que fizemos para responder e resolver as preocupações levantadas. Assumimos um compromisso porque é hora de virar a página e, como provam os nossos muitos acordos com as editoras, desejamos (...) trabalhar de forma construtiva com as editoras francesas” e, com isso, a companhia americana afirma que considera o valor da multa “desproporcional”, tanto em relação às atitudes, quanto pelos esforços da empresa.
O contexto da multa e o cerco contra as big techs
A multa e a preocupação em multar as grandes empresas pelas irregularidades constituem uma mentalidade que vêm na esteira de um processo político, especialmente forte na União Europeia, cuja finalidade é limitar os poderes das big techs e responsabilizá-las pelos conteúdos que circulam em suas plataformas. O ano de 2024 será marcado pelas eleições presidenciais nos EUA, assim como a eleição para o Parlamento europeu, configurando uma situação propícia para o uso político de deepfakes e fake news. Uma nova lei que começou a valer em todo o bloco da UE a partir deste mês de março, denominada Digital Markets Act (Lei dos mercados digitais, em tradução literal), busca evitar os gatekeepers nos mecanismos de busca.
Foto Destaque: letreiro acima do edifício do Google (reprodução/Pawel Czerwinski/Unsplash)