Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos cogitaram a execução de um projeto ousado: detonar uma bomba de hidrogênio na superfície da Lua. Denominado Projeto A119, que despertou interesse à época.
Projétil iria explodir entre o lado claro e escuro da lua. (Reprodução/ Unsplash)
As bombas de hidrogênio são notoriamente mais destrutivas do que as bombas atômicas empregadas em Hiroshima, em 1945, e representavam o auge da tecnologia nuclear naquele período.
Leonard Reiffel, eminente físico-químico norte-americano, já havia colaborado com Enrico Fermi (1901-1954), renomado cientista responsável pela criação do primeiro reator nuclear do mundo, conhecido como o "arquiteto da bomba nuclear".
No período de maio de 1958 a janeiro de 1959, Reiffel elaborou relatórios avaliando a viabilidade do Projeto A119. Surpreendentemente, um dos cientistas envolvidos nessa proposta era o astrônomo Carl Sagan (1934-1996), que posteriormente se tornaria um ícone nesse campo do conhecimento.
Na verdade, a existência desse projeto só veio à tona na década de 1990, quando Sagan mencionou sua participação em uma inscrição para uma universidade dos Estados Unidos.
Embora se acredite que o plano pudesse fornecer respostas a questões científicas elementares sobre a Lua, o objetivo central do Projeto A119 era demonstrar o poderio bélico dos Estados Unidos.
A ideia consistia em detonar a bomba no “terminador lunar”, a região que marca a fronteira entre o lado iluminado e o lado escuro da Lua, criando assim um intenso clarão visível a olho nu por qualquer pessoa, especialmente em locais como o Kremlin.
A ausência de atmosfera na Lua evitaria a formação da característica nuvem em forma de cogumelo resultante de uma explosão nuclear.
Durante a década de 1950, os Estados Unidos não se encontravam em uma posição favorável na Guerra Fria. Tanto os políticos norte-americanos quanto a opinião pública acreditavam que a União Soviética (URSS) estava à frente na corrida nuclear, principalmente no desenvolvimento e quantidade de bombardeiros e mísseis nucleares.
Posteriormente, descobriu-se que esses receios eram infundados. No entanto, durante aquele período, os Estados Unidos tinham motivos para suspeitar de que estavam ficando para trás, apesar de terem sido os primeiros a realizar a detonação de uma bomba de hidrogênio em 1952.
Para surpresa de Washington, os soviéticos conseguiram realizar sua própria detonação apenas três anos depois, e em 1957, a União Soviética alcançou um marco significativo na exploração espacial ao colocar em órbita o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial a orbitar nosso planeta.
Foto destaque. Bomba nuclear (Reprodução/Istock)