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Asteroides transformados em alimentos para astronautas

Estudo sugere que a mineração de asteroides poderá fornecer recursos alimentares para astronautas no futuro

08 Out 2024 - 11h32 | Atualizado em 08 Out 2024 - 11h32
Asteroides transformados em alimentos para astronautas Lorena Bueri

O desafio de garantir suficiência de recursos para sustentar as missões espaciais, especialmente as de longa duração, é um fator crucial em cada viagem, pois, não há outro modo de suprir os astronautas, senão, enviando alimentos da Terra. Porém, essa circunstância pode estar com seus dias contados. Um estudo publicado pela revista International Journal of Astrobiology apresentou uma solução inusitada e inovadora: asteroides minerados para obtenção de alimentos e outros recursos essenciais diretamente do espaço.

Cientistas propõem a redução de dependência da Terra, tornando as missões espaciais mais autossuficientes, convertendo minerais e compostos presentes nos asteroides, principalmente, em fontes de alimento. Eles acreditam que, trabalhando com tecnologias adequadas para esse fim, será possível a extração e processamento de recursos, criando alimentos nutritivos.

O desenvolvimento

Diversas tecnologias então sendo desenvolvidas para tornar essa visão uma realidade. O uso de biorreatores que poderiam cultivar microrganismos em asteroides é a cereja do bolo nessa corrida do desenvolvimento espacial. O serviço desses microrganismos cultivados seria nada mais, nada menos que transformar os materiais encontrados nos asteroides em substâncias comestíveis. Além disso, as famosas e eficientes tecnologias de impressão 3D, poderiam ser utilizadas para criação de alimentos a partir dos materiais processados pelos microrganismos.

Por meio de um processo de aquecimento chamado pirólise, os cientistas ao utilizarem hidrocarbonetos (que são compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio), alimentaram bactérias que consomem carbono, assemelhando o procedimento ao proposto, pois, as substâncias encontradas nos asteroides são similares as que foram processadas na pirólise.


Joshua Pearce, professor da Western Engineering (Foto:Reprodução/www.eng.uwo.ca)

Joshua Pearce, professor da Western Engineering (Foto: reprodução/www.eng.uwo.ca)


Conforme a afirmação do pesquisador da Western University, Joshua Pearce ao portal New Scientist, que "os produtos de decomposição da pirólise que as bactérias podem consumir se assemelham razoavelmente aos encontrados nos asteroides e que após análises nutricionais, a biomassa gerada pelas bactérias foi considerada um alimento quase perfeito".

Um novo salto para humanidade

O meteorito Murchison foi utilizado para calcular o mínimo de material orgânico que poderia ser convertido em alimento. Baseando-se nesses cálculos, um asteroide como o Bennu, visitado pela NASA em 2020, teria como gerar entre 5 mil à 6 milhões de quilos de biomassa, dependendo da variação do cenário de eficiência da digestão dos compostos de carbono pelos microrganismos. Esses valores de biomassa poderiam fornecer entre 576.200.000 e 15.810.000.000 calorias, suficientes para sustentar entre 600 e 17.000 astronautas por um ano.


Foto de um pedaço do meteorito Murchison (Foto:Reprodução/Nasa)

Foto de um pedaço do meteorito Murchison (Foto: reprodução/NASA)


A viabilidade econômica da mineração de asteroides é algo de grande importância a ser levado em conta neste processo. Com a redução de custos a longo prazo, a sustentabilidade e autossuficiência abririam possibilidades não só para diminuir a questão dos envios de suprimentos, manutenção da vida e outros recursos rotineiros durante as missões espaciais, mas seria uma abordagem fundamental para projetos de colonização fora da Terra.

Diante de uma nova era de explorações espaciais, muitos desafios precisam ser superados, como: a adaptação dos microrganismos ao ambiente dos asteroides, logística da mineração espacial e aperfeiçoamento tecnológico. Contudo, ideais desse tipo, promovem expectativas para um tempo em que astronautas terão alternativas que aperfeiçoem suas estadias e trânsito durante as missões.

Foto destaque: Asteroide Bennu (Reprodução/NASA)

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