Muitos relatos de ataques cibernéticos estão acontecendo no Brasil, diversos relatos de pessoas que tiveram suas contas roubadas, sendo obrigadas a pagar quantias pela retomada de suas contas nas redes sociais, e-mails e outros espaços virtuais pessoais. As fraudes eletrônicas só no território brasileiro subiram cerca de 65% no último ano, passando de 200 mil casos, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados no mês passado.
Essas fraudes online e ataques cibernéticos estão em "níveis recordes" em toda a América Latina, de acordo com a empresa de segurança digital Tenable, o que representa um problema urgente nessa região que é hiperconectada.
Os avanços tecnológicos e a pandemia
Os recentes avanços tecnológicos na América Latina criaram novas oportunidades para fraudes, dizem os especialistas, por conta da pandemia que acabou impulsionando a prática de mobile banking e compras com sistemas de pagamento, como o popular Pix.
Toda essa região está cada vez mais conectada à Internet. Até 2022, 77,9% das pessoas na América Latina e no Caribe acessou a Internet, antes 74,8% no ano passado e acima da média global de 66,3%, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações. Também, quase metade dos usuários da rede online na América Latina fica cerca de seis horas por dia logados nas redes sociais, segundo um documento da empresa de segurança digital Kaspersky.
O especialista em segurança cibernética da Organização dos Estados Americanos (OEA), Kerry-Ann Barrett, diz que: "A crescente dependência de novas tecnologias tornou mais fácil para os cibercriminosos atacarem com mais frequência".
Ilustração de roubos digitais. (Foto: Reprodução/O Povo+)
Ameaças mais complexas e mais custosas
Cada vez mais as ameaças estão ficando mais complexas e caras, causando bilhões em danos à região todos os anos, relatou Barrett. Por exemplo, no Peru, uma construtora sofreu um golpe de uma quadrilha, tendo um prejuízo de mais de US$ 62.000. Segundo o gabinete do procurador-geral, a quadrilha fingiu ser um banco, utilizando um site falso.
Já no México, os fraudadores estão visando vítimas inocentes com ofertas de emprego falsas por meio de mensagens de texto, somente para induzir as vítimas a compartilhar seus dados pessoais confidenciais, de acordo com relatos da mídia.
Claudio Martinelli, diretor administrativo da Kaspersky na América Latina, afirou que: "A América Latina é um alvo prioritário porque possui uma população altamente conectada, o que significa que estão sempre expostos".
As Instituições e governos latino-americanos também estão mais suscetíveis a ataques digitais do que as outras partes do mundo. Em um ranking de 93 países com risco cibernético compilado pelo software antifraude SEON, nove dos 10 países latino-americanos tiveram uma classificação baixa.
Honduras, Nicarágua e Venezuela são os três países da América Latina que estão classificados entre os 10 países com mais ameaças cibernéticas do mundo.
O ransomware foi responsável por seis dos 10 ataques em 2022, inclusive foi utilizado em um ataque ao Ministério das Finanças da Costa Rica por hackers russos que pediram US$ 10 milhões para a devolução do sistema.
Foto destaque: Ilustração de ataque cibernético. Reprodução/ControleRS