A empresa norte-americana Amazon anunciou, na quinta-feira (14), que os testes de sua iniciativa de internet por satélite, que virá a competir com a Starlink de Elon Musk no futuro, foram muito bem-sucedidos, comprovando a possibilidade de comunicação via laser entre mais do que dois satélites no espaço ao mesmo tempo.
Projeto Kuiper
O denominado “Project Kuiper” é um serviço de internet sem fio que funcionará de maneira similar ao Starlink, que já opera em mais de 60 países ao redor do mundo com uma base de dois milhões de clientes. Oferecendo a oportunidade de acessar um serviço de internet potente sem a necessidade do cabeamento tradicional, o maior diferencial do Kuiper é justamente a performance que a tecnologia promete, com velocidade e estabilidade equiparável ao que temos atualmente, mas com a flexibilidade que um serviço sem instalação fixa oferece.
A Amazon, sob direção de Jeff Bezos, já está trabalhando nesse projeto desde 2019, quando a companhia entrou em contato com o governo estadunidense ao pedir permissão para lançar em órbita milhares de satélites.
Um dos foguetes Atlas V, que lançaram os satélites da Amazon no espaço, em processo de decolagem no Cape Canaveral Air Force Station, Florida (Foto: reprodução/Associated Press/John Raoux/Seattle Times)
Por ser uma tecnologia extremamente dispendiosa, mesmo uma empresa do porte da big tech enfrentou dificuldades na fase de desenvolvimento do produto, atrasando seu lançamento oficial até então. Afinal, diferindo dos satélites utilizados pelas já estabelecidas empresas de comunicação, o modelo adotado pela Starlink e pelo Projeto Kuiper necessita do uso de centenas, até milhares, de pequenos satélites que precisam ser coordenados em tempo real para oferecer uma conexão de internet estável aos clientes.
O investimento, que já alcança a casa dos US$ 10 bilhões, foi uma manobra arriscada por parte de Bezos, mas o sucesso inicial dos testes parece provar que tenha sido um movimento acertado.
Especificações dos satélites
De acordo com o anúncio oficial da empresa, os dois satélites que atualmente estão orbitando a Terra, KuiperSat-1 e KuiperSat-2, são capazes de enviar e receber informações em uma velocidade de até 100Gbps, consideravelmente maior do que a velocidade de conexão tradicional, pelos testes realizados em novembro deste ano.
Os profissionais envolvidos na construção dessa rede de satélites estimam uma melhora de até 30% na velocidade de transferência de dados em comparação com cabos de fibra óptica em uma distância semelhante.
E além disso, os testes concluídos esta semana pela empresa demonstram a possibilidade da interconexão simultânea entre vários satélites, algo que antes era limitado ao pareamento de um para um, reduzindo a velocidade de transmissão de dados.
Trata-se de um passo importante para a Amazon, já que esse era o último empecilho atrasando a produção dos primeiros satélites operacionais, que devem ser lançados em órbita no primeiro semestre de 2024.
Até o momento, a big tech ainda não confirmou a data exata de lançamento do serviço, mas pretende realizar mais uma fase de testes, dessa vez com clientes, até o segundo semestre do próximo ano, contando com uma constelação de 3236 satélites autorizados pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA, que deve estar totalmente operacional até 2029.
A disponibilidade futura do serviço aqui no Brasil ainda não foi divulgada.
Foto destaque: Um dos satélites produzidos pela Amazon para seu novo serviço de internet espacial. (Reprodução/Amazon)