A baixa demanda e alta nos juros impacta mais duas grandes montadoras. Nesta segunda-feira (27), General Motors (GM) e a Volkswagen freiam suas produções com as férias coletivas de aproximadamente cinco mil funcionários das fábricas de Taubaté e São José dos Campos, localizadas no interior de São Paulo.
Na Volkswagen o processo será realizado em duas etapas. Nos primeiros dez dias dois mil trabalhadores entrarão em recesso, logo após, outros 900, que retornarão apenas após o dia 21 de abril. Já na GM, os três mil funcionários, que correspondem a 80% da produção, voltarão ao serviço no dia 13 de abril.
Fábrica de produção de carros da Volkswagen em Taubáte (Foto: Reprodução/Volkswagem/Divulgação)
Durante a pandemia de Covid-19, a paralisação por queda nas vendas ocorreu por causa da falta de fornecimento semicondutores – produzidos principalmente em Taiwan, sudeste asiático - que são componentes eletrônicos fundamentais para o funcionamento da parte eletrônica dos veículos. Mas, agora o prejuízo nas empresas e redução nas produções é resultado do atual contexto econômico do país.
A estratégia que está sendo utilizada por essas empresas é uma tentativa de tentar adaptar-se a situação estabelecida pelo novo cenário econômico. Pois, com a economia brasileira desaquecida, aliados aos aumentos das taxas básicas de juros, Selic, que são ajustados pelo Banco Central desde 2021, contribui para esse novo baque às indústrias automobilísticas.
Assim, sem perspectiva de melhora a curto prazo, as circunstâncias na economia já refletem no poder de compra do brasileiro. E com o agravante da dificuldade de concessão de crédito, resultando na redução de potencial financiamentos e na procura pela aquisição de novos carros, é necessário moderar na quantidade de estoque de carros dos pátios das montadoras.
Em entrevista a Fábio Menegatti para o Jornal da Record, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Jose dos Campos e Região, Weller Gonçalves demonstrou preocupação com essa onda de paralisação das indústrias automotivas, já que as férias coletivas costumam vir acompanhadas de várias demissões.
“Um emprego em uma empresa importante, como uma montadora GM, significa outros dez em toda a cadeia produtiva. As empresas que produzem as peças para os carros também irão ter que conceder férias coletivas nesse período por conta dessa situação de mercado que é apresentado pela empresa”, completou Weller.
Além das montadoras citadas, os polos da Hyundai, em Piracicaba; Stellantis, em Goiana do Pernambuco que é responsável pelas marcas Fiat, Peugeot e Citroen, e a Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo também adequarão o ritmo das produções por meio das férias coletivas entre os meses de março e abril.
Foto de destaque: Fábrica da GM em São José dos Campos. Reprodução/Divulgação/GM.