A Voepass cancelou os voos da rota Fortaleza-Fernando de Noronha-Natal até o dia 31 de agosto. A companhia aérea alegou contingenciamento de operação após o trágico acidente que tirou a vida de 62 pessoas. O avião utilizado nessa rota é um ATR-42. Funcionários da empresa já haviam relatado diversos problemas de manutenção. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a interditar a aeronave em maio, mas ela foi liberada após ajustes.
Denúncias
O ATR-42, utilizado pela Voepass na rota entre Fortaleza-Fernando de Noronha-Natal, foi alvo de uma denúncia feita por um funcionário da empresa, conforme noticiado pelo ‘O Globo’. O avião em questão é um modelo menor, mas fabricado pelo mesmo fabricante do avião da Voepass que caiu na última sexta-feira (09), no interior de São Paulo. Diversos problemas de manutenção deixaram a tripulação em alerta.
Em fevereiro deste ano, um dos tripulantes relatou problemas graves, como rasgos no sistema de descongelamento da asa. O funcionário relatou que, durante os voos, os pilotos faziam desvios e curvas, informando que o motivo era um defeito na peça responsável pelo degelo das asas. Além disso, foram registrados problemas de freios quebrados e pneus gastos em um e-mail em fevereiro deste ano. Em maio, a aeronave foi interditada pela Anac para verificação de segurança e permaneceu alguns dias fora de operação até que os ajustes necessários fossem realizados pela companhia aérea.
Avião da Voepass que fazia a rota para Fernando de Noronha tinha avarias no sistema de degelo, denunciou funcionário https://t.co/vyJEw4x8ec .
Avarias no sistema de degelo no ATR-42 da Voepass (Foto: reprodução/X/@JornalOGlobo)
Cancelamentos e Posicionamento da Voepass e ANAC
A Voepass anunciou o cancelamento dos voos entre Fortaleza, Fernando de Noronha e Natal até 31 de agosto. Em nota, a companhia declarou o contingenciamento de operação como motivo da paralisação, mantendo a rota Recife-Fernando de Noronha em dois horários. A companhia lamentou os transtornos causados pelos cancelamentos. Sobre a denúncia de má conservação nas aeronaves, segundo a reportagem do jornal 'O Globo', a empresa não quis se manifestar e garantiu que está trabalhando para minimizar os impactos, realocando todos os passageiros em outros voos.
O ATR-42, prefixo PR-PDS, chegou a ser interditado pela ANAC juntamente com um ATR da empresa Azul. Na ocasião, o órgão informou que as aeronaves estavam sendo retiradas de serviço para revisão de itens de segurança. Uma segunda aeronave da Voepass também foi retirada de serviço, segundo a mesma nota da ANAC divulgada em maio deste ano.
Até esta segunda-feira (12), a Polícia de São Paulo informou que, dos 62 mortos na tragédia, pouco mais da metade foi identificada pelo IML. Doze corpos já foram liberados para os familiares. As investigações seguem pelos órgãos federais, que já localizaram as caixas-pretas da aeronave. Elas foram encaminhadas para o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão que determinará a real causa da queda do ATR-72 da Voepass.
Foto destaque: ATR 72 da Voepass decolando (Reprodução/guilherme.dotto/Instagram/@voepassoficial)