O triunfo expressivo de Javier Milei sobre Sérgio Massa nas eleições presidenciais argentinas causa apreensão no Palácio do Planalto. Auxiliares de Lula destacam incertezas, especialmente sobre o Mercosul e o acordo com a União Europeia. Apesar dos ataques de Milei a Lula durante a campanha, o presidente brasileiro reconheceu a vitória, destacando a importância da democracia.
"A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica", escreveu em uma de suas redes sociais.
Até a manhã desta segunda-feira, a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na posse de Javier Milei, eleito presidente argentino, em 10 de dezembro, permanece indefinida. O governo brasileiro ainda não tomou uma decisão sobre a participação de Lula no evento, gerando expectativas e incertezas em relação às relações bilaterais entre os dois países.
Propostas radicais
O candidato libertário argentino, Javier Milei, levanta polêmica com suas propostas drásticas para o país.
Após a vitória nas eleições presidenciais, Milei destaca seu afastamento do Brasil e a ruptura com o Mercosul. Seu plano inclui dolarização da economia, abertura comercial, privatização de empresas estatais, enxugamento do Estado e flexibilização nas relações trabalhistas. Propõe substituir a educação e saúde públicas por modelos privados a longo prazo.
Na área de segurança, Milei defende a desregulamentação do mercado de armas, militarização do sistema prisional e alterações na legislação de defesa nacional. A posição contrária ao aborto também é parte de sua plataforma.
Carreira política
A imagem política de Javier Milei é retratada pela mídia internacional como de extrema-direita e fortemente conservadora. Seguidor declarado de Jair Bolsonaro e Donald Trump, Milei também tem vínculos com o partido espanhol Vox e políticos como José Antonio Kast. Assinando a Carta de Madrid, classifica grupos de esquerda como inimigos da Ibero-América.
Milei, contrário ao aborto em todos os casos, se autodefine como anarco-capitalista e abraça teorias conspiratórias do marxismo cultural, negando o aquecimento global e associando o movimento LGBT a essa ideologia.
À frente do partido "La Libertad Avanza", surpreendeu nas eleições de 2021 e, em 2023, venceu o segundo turno com 56%, tornando-se presidente eleito da Argentina.
Foto destaque: Vitória de Milei gera inquietação no Planalto diante de cenário incerto. (Reprodução/VejaSP/Nelson Almeida/AFP/Getty Images)