O Vaticano confirmou nesta terça-feira (29) que dois dos cardeais com direito a voto não participarão do conclave que elegerá o sucessor do Papa Francisco, que faleceu em abril deste ano. A decisão foi motivada por problemas de saúde, já previamente comunicados pelos próprios religiosos.
Dois cardeais se retiram por motivos de saúde
Segundo informou o diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, os cardeais Antonio Cañizares Llovera, da Espanha, e Vinko Puljic, da Bósnia e Herzegovina, foram oficialmente excluídos da lista de votantes por motivos de saúde. Ambos já haviam anunciado anteriormente que não estariam presentes, mas a exclusão formal ocorreu somente nesta semana.
Com a mudança, foi de 135 para 133 o número de votantes no conclave. Conforme o Código de Direito Canônico, mesmo que a Igreja Católica conte com 252 cardeais, apenas aqueles com menos de 80 anos têm direito a voto, por isso o número atual.
Daqui a oito dias, no dia 7 de maio, o conclave será realizado na Capela Sistina, no Vaticano. Durante o processo, os cardeais se reúnem em sessões fechadas para eleger o novo Papa por meio de votação secreta.
Processo eleitoral
Em um conclave, um novo pontífice é eleito quando o candidato recebe dois terços dos votos dos cardeais presentes. Como atualmente são 133 eleitores, serão exigidos pelo menos 89 votos para a definição do novo Papa. A dinâmica do conclave permite até quatro votações por dia, sendo duas pela manhã e duas à tarde.
Caso nenhuma decisão seja tomada até o terceiro dia, os cardeais realizam uma pausa de 24 horas destinada à oração e reflexão. Se ainda assim não houver consenso após sete rodadas adicionais, novas pausas podem ser convocadas. O conclave pode durar dias ou semanas, dependendo do progresso das votações.
Se, após 34 votações, nenhum cardeal alcançar o número necessário de votos, os dois mais votados passam a disputar diretamente a decisão final em uma nova rodada, que também exige a aprovação de dois terços dos eleitores.
Como informa o Vaticano, a composição do colégio eleitoral aponta forte influência do pontificado de Francisco e será o menos euro centrado em toda a história. O Papa anterior foi responsável por indicar 108 dos 133 votantes. Bento XVI e João Paulo II, seus antecessores, foram os que nomearam os demais.
Em entrevista à GloboNews, na segunda-feira passada (21), o frade dominicano Frei Betto observou que a atual composição do clero, incluindo sacerdotes, cardeais e bispos, se inclina majoritariamente para posições entre o centro e a direita, com perfil moderado a conservador.
Trecho da entrevista de Frei Betto para a GloboNews (Vídeo: reprodução/Instagram/@portalg1)
Ele também observa que o pontificado de Francisco introduziu elementos progressistas em determinados temas, embora tenha preservado aspectos conservadores, principalmente se comparado aos 34 anos anteriores, sob os antecessores, João Paulo II e Bento XVI, ambos considerados conservadores.
Foto Destaque: cardeais do Vaticano (Reprodução/X/@VaticanNews)