A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu uma vacina que bloqueia as substâncias do crack, cocaína e seus semelhantes na barreira hematoencefálica (BHE), o que impede a absorção das drogas no organismo. O imunizante recebeu o nome de 'Calixcoca'. Ele já passou pelas fases de testes e teve a sua segurança e eficácia comprovada. Agora a pesquisa está em busca de fundos para poder realizar a aplicação em humanos. O estudo tomou conhecimento mundial e foi indicado ao Prêmio Euro, evento na área de saúde que reconhece inovações e soluções que mudam vidas.
A vacina começa a agir pelo sistema imunológico, que produz anticorpos para combater o efeito das drogas na corrente sanguínea. Essa ligação cria uma molécula única, grande o bastante para fechar a barreira hematoencefálica, impedindo a absorção da cocaína e do crack. O professor e pesquisador do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina e um dos responsáveis pelo estudo, Frederico Garcia, declara sobre a importância da vacina desenvolvida para a população dependente das drogas. "Esse é um problema prevalente, vulnerabilizante e sem tratamento específico. Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia da vacina nesta aplicação. Ela aporta uma solução que permite aos pacientes com dependência se reinserir socialmente e voltar a realizar seus sonhos", disse o professor.
Pasta de cocaína usada nos testes da Calixcoca/Foca Lisboa /UFMG/Reprodução
O projeto começou a ser desenvolvido em 2015 e tem como objetivo evitar que as pessoas se tornem dependentes e que tenham “recaídas”. O pesquisador dá ênfase no propósito do seu estudo, e diz que ele serve para as pessoas sob tratamento possam recomeçar sua vida sem as drogas. O estudo recebeu apoio das verbas publicadas até o momento.
Os testes da primeira fase da vacina foram inicialmente aplicados em ratas grávidas e mostrou que a Calixcoca impediu a chegada da cocaína e do crack ao feto. O imunizante foi incluído na Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG.
Foto destaque: Dependencia de drogas/Banco de imagens/Divulgação