Nesta terça-feira (26), a 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo determinou que a faculdade de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) deve reintegrar os 15 alunos expulsos após ficaram nus e tocarem nas partes íntimas, durante os jogos universitários de abril deste ano. Segundo o advogado da Unisa, os estudantes devem retornar as aulas nesta quarta-feira (27).
Esta liminar foi emitida pela justiça em razão de uma ação, movida por dois alunos, que solicitava a reintegração à faculdade. A decisão, no entanto, também valerá para os outros 13 estudantes expulsos. Na ação, a defesa afirma que a universidade não ouviu nenhum dos envolvidos no trote.
Segundo o advogado da faculdade, após a decisão da justiça, a Unisa irá formar um comitê para coletar depoimentos dos alunos e definir se eles serão expulsos ou receberão penas pedagógicas. O defensor também destacou outra medida tomada pela universidade, a instauração de uma campanha de “tolerância zero” contra os trotes.
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— rita moraes (@ritamoraesssa) September 17, 2023
Estudantes do curso de Medicina da Unisa, Universidade Santo Amaro, simularam uma espécie de masturbação coletiva, que eles chamaram de “punhetaço”, durante o Intermed, torneio esportivo das faculdades de medicina do estado de São Paulo. pic.twitter.com/ll6dCoSCCY
Estudantes correm nus e praticam atos obscenos durante jogos universitários. (Vídeo: Reprodução/X).
Novatos dizem ter sido obrigados
Em depoimentos à TV Globo, os novatos da faculdade de medicina afirmam que o trote, no qual eles ficaram nus e praticaram atos obscenos, fazia parte de uma série de exigências feitas pelos alunos de último ano.
De acordo com os estudantes, há uma “cartilha de obrigações" fornecida há mais de 10 anos e que pressiona os ingressas de cada ano – principalmente o que desejam fazer parte da atlética – a participarem de trotes, como o realizado nos jogos universitários de São Carlos. Caso se recusem, os estudantes sofrem retaliações. Um deles contou ao g1 sobre um colega que teria sido agredido por suposta “falta de respeito com os veteranos”.
"Eles xingam quem não participa. Os alunos são humilhados. Conheço gente que saiu dessa jornada no meio, antes dos 6 meses. Eles são chamados com o nome que os veteranos deram por não participarem dos grupos. Tem gente que não aguenta", afirma outra estudante.
Medidas da Liga
Após os eventos de abril, a Liga Esportiva das Atléticas de Medicina do Estado de São Paulo (Leamesp) proibiu a participação da Unisa em jogos universitários por um ano. Durante este período, a faculdade não poderá participar dos campeonatos pré-Intermed e o Intermed, organizados pela Liga.
A punição à universidade, no entanto, não foi resultado dos atos violentos. Segundo o g1, a liga decidiu pelo banimento temporário, após a Unisa afirmar que iria vazar vídeos que comprometessem outras universidades e a própria Liga.
Além disso, a autoridade determinou a reformulação do seu regulamento, a fim de que casos de violência, assédio e humilhações recebam as devidas punições.
Foto destaque: Estudantes correm nus e praticam atos obscenos durante jogos universitários. Reprodução/Metrópoles.