Dois meses após o atentado que matou três médicos na Barra da Tijuca, o único sobrevivente fala pela primeira vez sobre o assunto em uma entrevista exclusiva para o Fantástico.
Após levar mais de cinco tiros, o ortopedista Daniel Sonnewend Proença, 32 anos, revela como tentou controlar o desespero enquanto aguardava o socorro. “Eu comecei a fazer exame dentro de mim. Tentei forçar vômito para ver se tinha alguma perfuração abdominal”, relembrou o médico.
Daniel relembra momentos de desespero (Foto: reprodução/TV Globo)
O relato completo poderá ser visto no domingo (17), a partir das 20h30, no Fantástico.
O ataque
No Rio de Janeiro para um congresso internacional de ortopedia, os médicos Marcos de Andrade, Daniel Sonnewend, Diego Ralf Bonfim e Perseu Ribeiro Almeida resolveram celebrar após o dia intenso de trabalho.
Os amigos se reuniram em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, na Avenida Lúcio Costa, entre os postos 3 e 4, onde ocorreu o crime. Conversando sobre o futuro e questões profissionais, os médicos estavam felizes, quando, por volta de 00h, o grupo foi surpreendido pelo ataque.
Quiosque onde ocorreu o ataque (Foto: reprodução/Florian Plaucheur/AFP)
Três homens armados desceram de um Fiat Pulse branco e efetuaram os disparos, em uma ação que durou 25 segundos como mostraram as câmeras de segurança. Todos, exceto Daniel, morreram no local.
Segundo uma testemunha que estava no quiosque, “não teve conversa, não teve voz de assalto. Simplesmente chegaram e atiraram. E foi muito, muito rápido. Em questão de 30 segundos já tinha acontecido tudo. Então, a gente percebeu que não foi um assalto exatamente. Foi simplesmente uma execução.”, relembrou a mulher em entrevista ao G1.
Conflito entre milícia e traficantes no Rio de Janeiro
Poucas horas após o crime, a principal linha de investigação apontava que os criminosos confundiram os médicos com integrantes da milícia - grupo formado majoritariamente por agentes públicos de segurança. Para Renato Torres, secretário da Polícia Civil do Rio, “não resta mais dúvidas de que os médicos foram assassinados por engano”, disse.
A região da Barra da Tijuca enfrenta, especialmente a partir de 2018, um intenso confronto entre milícia e tráfico pela disputa do controle dos territórios da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo dados do Fogo Cruzado, os tiroteios na região aumentaram 54% em relação a 2022.
Foto destaque: médicos reunidos em frente ao hotel onde acontecia congresso internacional (Foto:reprodução/G1/Fantástico)
