Um grupo de diplomatas norte-americanos foi enviado ao Brasil em abril deste ano pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com o objetivo de dar início às negociações no setor de minerais raros e estratégicos entre os dois países. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, a medida possui um caráter exploratório.
Segundo Jungmann, os diplomatas questionaram sobre uma possível parceria entre EUA e Brasil, uma vez que a nação sul-americana possui trocas comerciais nesse setor em baixo volume. O presidente do IBRAM afirmou também que o Brasil foi procurado por outros países que possuíam o mesmo objetivo.
Disputa com a China
A articulação dos EUA ocorre em um período de disputas por minerais raros que são fundamentais para a fabricação de produtos, como semicondutores e baterias. Atualmente, a China detém o controle deste mercado, e reduzir a dependência dos chineses está na lista de prioridades de Trump neste seu segundo mandato presidencial. Recentemente, EUA e Ucrânia firmaram um acordo de "parceria econômica", concedendo aos americanos o acesso à terras ucranianas onde esses minerais podem ser encontrados. Em troca, os europeus ficariam com um fundo de investimento no país.
Não a toa, o presidente dos EUA tem expressado o seu desejo de anexar a Groenlândia, território autônomo da Dinamarca localizado na América do Norte, que possui reservas de minerais que são de interesse do republicano.
Donald Trump, cumprimenta o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em reunião de negociações entre os dois países (Reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)
Brasil preocupado
O interesse de Trump por materiais raros do Brasil tem sido acompanhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo setor local de mineração. O Brasil possui reservas de cobre, silício, lítio, além de terras raras. Para Raul Jungmann, o presidente norte-americano tenta, de modo colonialista, expressar a sua intenção de possuir esses minerais, inclusive do Canadá. Os EUA necessitam importar 16 dos 51 minerais e, para o republicano, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, isso tornou-se uma questão de geopolítica.
Foto destaque: Uma escavadeira movimenta minério de lítio na mina Sigma Lithium Xuxa, perto de Itinga, Minas Gerais (Reprodução/Dado Galdieri/Bloomberg via Getty Images Embed)