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Suspeitas de aliciar mulheres para prostituição em garimpos ilegais são presas

Vítimas eram enganas com promessas de grandes salários para funções nos garimpos. Ao chegar aos locais, eram ameaçadas e acusadas de dívidas de 10 mil reais. Uma jovem de 15 anos denunciou à PF que foi obrigada a fazer 16 programas em uma noite.

20 Mar 2023 - 11h15 | Atualizado em 20 Mar 2023 - 11h15
Suspeitas de aliciar mulheres para prostituição em garimpos ilegais são presas Lorena Bueri

A operação Palácios da Polícia Federal prendeu neste último sábado, 18, as irmãs investigadas por exploração sexual, Francisca de Fátima Guimarães Gomes, de 40 anos e Marilene Guimarães Gomes, de 44 anos, elas são as principais suspeitas do esquema que cooptava meninas e mulheres para se prostituírem em garimpos ilegais nas Terras Yanomami. 

Enquanto as irmãs estão detidas na Cadeia Pública Feminina, em Boa Vista, outros dois suspeitos de integrar o esquema seguem foragidos. Um é marido de Marilene, Márcio Conceição Vieira, e o outro é Nascimento Andrade. 


Garimpo ilegal nas Terras Yanomami - Leo Otero/Ministério dos Povos indígenas


A investigação começou após uma adolescente de 15 anos ser resgatada em um barco  abordado pela PF, que fiscaliza barcos suspeitos de viajar com garimpeiros ilegais no Rio Mucajaí, na região de Walopali. parte das Terras Yanomami. Ela denunciou ao Conselho Tutelar que era obrigada a fazer cerca de 16 programas por noite. 

A jovem foi atraída pelas redes sociais com a promessa de receber um salário de 5.800 como cozinheiro na região. Quando chegou no garimpo em que passou 30 dias, enquanto era dada como desaparecida pela família, que já havia registrado boletim de ocorrência,  estava sendo obrigada a se prostituir. 

"Ela ficou animada pela quantidade de dinheiro. Eles foram buscá-la em casa dela, aqui em Boa Vista, em um carro superluxuoso. Inicialmente, ela ficou confiante que ia trabalhar na área da cozinha e que eles iam pagá-la. Quando chegou, a realidade foi outra. Eles a obrigaram a ir para os cabarés, inúmeros, lá dentro. E que se ela não fosse, iriam deixá-la rodada, como costumam dizer. Não iria pagá-la, e ainda corria o risco de ser assassinada porque eles a ameaçaram de morte. Então, ela não teve outra alternativa", contou um conselheiro tutelar


Perfil de Francisca de Fátima, que se apresentava ans redes sociais como Sandra Guimaraes (Reprodução/Jornal Nacional/Globo)


A adolescente resgatada contou que no mesmo local onde foi submetida à exploração sexual, havia outras vítimas menores de idade, além de mulheres mais velhas. A investigação da PF descobriu que as vítimas do esquema foram aliciadas pelas redes sociais com promessas de grandes salários para várias funções. Elas eram buscadas por um motorista que as conduzia até um avião em pista clandestina. No entanto, quando chegavam no garimpo eram coagidas a se prostituirem para pagar a inautêntica dívida de 10 mil reais, alegada como custo com transporte até a região. 

Segundo o delegado responsável pelas fiscalizações no Rio Mucajaí, Marco Bontempo, o resgate da jovem evidenciou como o esquema de prostituição fortalece o contexto de permanencia dos garimpos ilgeias na região.

"A PF já tinha conhecimento de 'cabarés' no garimpo, mas essa é a primeira vez que identificam uma logística tão estruturada, e que é uma das logísticas que mantém o garimpo" disse o delegado.

Foto destaque: Francisca de Fátima Guimarães Gomes e Marilene Guimarães Gomes, Irmãs suspeitas de exploração sexual nas Terras Yanomami (Reprodução/Globo)

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