A Secretaria Nacional de Justiça informou ao Itamaraty nesta quarta-feira (26) que não recebeu nenhuma informação sobre o caso de abuso e tráfico infantil na Ilha de Marajó que foi denunciado pela ex-ministra Damares Alves.
Segundo informações da jornalista Andréia Sadi, do portal g1, o Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap) fez uma solicitação ao Itamaraty para que eles se posicionassem diante ao assunto abordado por Damares.
Em ofício enviado ao Itamaraty, o procurador federal Bruno de Andrade Costa respondeu a solicitação do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Contrap) e negou a existência de denúncias sobre o caso no órgão. Ele disse que a Coordenação-Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoa e Contrabando de Migrantes (CGETP) “não recebeu informações ou tem ciência sobre casos específicos de tráficos de pessoas, exploração sexual e tortura de crianças no Arquipélago do Marajó”, declarou.
Reprodução do ofício em que a Secretaria Nacional de Justiça nega ter informações sobre as denúncias feitas por Damares Alves (Foto: Reprodução/SNJ)
A senadora eleita pelo Distrito Federal e apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma suposta denúncia durante uma campanha de reeleição do atual presidente no dia 8 de outubro. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos disse em um culto na igreja que as crianças na Ilha de Marajó, no Pará, são traficadas para o exterior e são vítimas de mutilações corporais e regimes alimentares que facilitariam os abusos sexuais.
A ex-ministra afirmou, de primeira, que o ministério em que regia teria imagens de crianças brasileiras que foram sequestradas na fronteira, o que gerou uma cobrança do Ministério Público Federal do Pará pedindo as provas desta alegação e questionamento em relação ao atraso de divulgar para o público.
Já na quinta-feira (13), a senadora recuou e afirmou que as denúncias feitas foram de relatos que ouviu “nas ruas”. “O que eu falo no meu vídeo são as conversas que eu tenho com o povo na rua. Eu não tenho acesso, os dados são sigilosos. Mas nenhuma denuncia que chegou na ouvidoria deixou de ser encaminhada”, afirmou.
Damares Alves e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foram intimados por órgãos internacionais a apresentarem provas da alegação feita pela senadora. Em resposta, o Ministério da Justiça afirma que o ofício “não esgota a possibilidade de haver registros desse tipo de crime em outros órgãos estaduais e federais”, determinou.
Enquanto isso, o Ministério não comentou o ofício da Secretária Nacional de Justiça e nem a denúncia da ex-ministra, mas se pronunciou dizendo que recebeu, nos últimos 7 anos, mais de 5 mil queixas sobre violência sexual ou tráfico de crianças no Pará e que encaminhou para os órgãos responsáveis.
Foto Destaque: Na imagem a atual senadora do Distrito Federal, Damares Alves. Reprodução/Fabrice Coffrini/AFP via Getty Images)