Forças russas realizaram no domingo (23) um ataque de mísseis disparados por drones na cidade de construção naval de Mykolaiv. Cerca de 35 km a noroeste da linha de frente em Kherson. Após o ataque, o exército ordenou que 60.000 pessoas fugissem da região “para salvar suas vidas” diante de uma contra-ofensiva ucraniana.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, discutiu a “situação em rápida deterioração” em telefonemas com ministros britânicos, franceses e turcos, informou o ministério russo.
Ele também falou por telefone com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, pela segunda vez em três dias. O Pentágono afirmou que Austin disse a Shoigu que “rejeitou qualquer pretexto para a escalada russa”.
Sem fornecer evidências, Shoigu disse que a Ucrânia poderia escalar usando uma “bomba suja” ou explosivos convencionais misturados com material radioativo. A Ucrânia não possui armas nucleares, enquanto a Rússia não descarta a possibilidade de usar seu arsenal nuclear para defender o seu território – inclusive as áreas anexadas na Ucrânia.
Ucranianos saindo de Kherson após ordem de evacuação do exército Russo. (Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS)
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, classificou a acusação russa como "absurda e perigosa", e acrescentou: "Os russos costumam acusar os outros do que planejam".
Em um comunicado conjunto após as conversas, Grã-Bretanha, França e Estados Unidos disseram que estão comprometidos em apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for necessário" e rejeitaram o alerta da Rússia sobre uma "bomba suja".
“Nossos países deixaram claro que todos nós rejeitamos a transparência falsa da Rússia de que a Ucrânia está se preparando para usar uma bomba suja em seu próprio território”, afirmaram, concluindo que "o mundo veria através de qualquer tentativa de usar essa alegação como pretexto para escalada”.
A guerra entre Rússia e Ucrânia completa oito meses nessa segunda-feira. No dia 24 de fevereiro, forças russas invadiram o território ucraniano em uma ação classificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, como uma “operação especial” no país vizinho, sob o pretexto de “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”.
Ao longo do conflito, a Rússia sofreu reveses sucessivos e fez ameaças ao ocidente, que apoia a Ucrânia enviando equipamentos militares para o país governado por Volodymyr Zelensky. Recentemente, as forças armadas ucranianas recuperaram territórios perdidos durante a guerra.
Foto Destaque: Prédio residencial danificado pelo ataque de mísseis à Mykolaiv. Reprodução/Reuters