Repórteres do programa Fantástico da TV Globo, mostraram no último final de semana, um pouco do território Yanomami, em Roraima, cenário da crise sanitária que chocou o país. Sônia Bridi e Paulo Zero acompanharam de perto a distribuição de remédios, alimentos e o resgate de mulheres e crianças debilitadas.
Trino Yanomami (Foto: Reprodução/Outras Palavras)
Os profissionais entraram no local com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Junior Hekurari e o novo secretário da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Weibe Tapeba. A visita de todos teve o objetivo de organizar o programa de socorro.
Hekurari lamenta a crise que a tribo indígena enfrenta, no momento.
“A gente vivia, a gente tinha vida, a gente tinha trabalho, pescava. A gente não tem hoje. Não tem, porque o povo Yanomami está doente. Então, a situação é muito grave”, afirma.
O polo mais preocupante se concentra na parte Norte, onde se encontram os pelotões especiais de fronteira do Exército e maior concentração de garimpo ilegal.
Desde 2017, o garimpo avança por dezenas de quilômetros, na região do Homoxi. Os garimpeiros tomaram a pista da Sesai, expulsaram os profissionais de saúde e utilizaram o posto como depósito de combustível.
Em 2022, a Policia Federal esteve no local e destruiu máquinas de garimpo. Em resposta, os garimpeiros botaram fogo no posto de saúde.
Ainda no ano passado, 22 mil casos de malária foram registrados em uma população de 30 mil Yanomamis. Porém, no Homoxi, onde o posto de saúde foi tomado e queimado, houve apenas 7 casos notificados. Isso deixa evidente que os números oficiais não refletem toda a realidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Boa Vista, no último final de semana, acompanhado de ministros.
“A gente não pode entender como um país que tem as condições que tem o Brasil deixa os indígenas abandonados como eles estão aqui”, afirma.
A crise sanitária matou 570 crianças Yanomami entre 2019 e 2022. 29% a mais comparado aos quatro anos anteriores.
A Polícia Federal, junto ao Ibama, Funai e Ministério da Defesa, está planejando operações para expulsar de vez o garimpo. A tarefa é trabalhosa e pode levar anos para a recuperação total do território.
Foto destaque: Crianças Yanomami. Reprodução/Senado Federal